E se um esquilo pet assassinado for o fiel da balança entre Trump e Kamala?
A resposta ainda virá das urnas, mas o simbolismo é inegável
Pode parecer bobagem, mas não é. Poucas coisas tocam mais fundo o coração das pessoas do que a relação com um animal de estimação. E, nesse ponto, os brasileiros e os americanos compartilham uma cultura semelhante: o afeto pelos pets.
Temos uma história inusitada nos Estados Unidos: um casalresgatou um esquilo ferido, pretendendo devolvê-lo à natureza. Mas o bichinho insistiu em voltar para casa. Acabou ficando. Adotaram também um guaxinim. A rotina com eles virou hit em rede social. Os perfis cresceram tanto que viraram a fonte de renda para um santuário de animais. Até que, um dia, alguém denunciou o rapaz, e a polícia confiscou os dois animais e os matou.
Se uma capivara chamada Filó quase derrubou o Brasil, a história do esquilo esquilo e do guaxinim não será indiferente por lá. Lembram da comoção com influenciador ribeirinho que perdeu sua capivara? Era Filó para todo lado, o país inteiro de olho, com políticos interferindo. O Brasil inteiro parou para acompanhar o drama.
O mesmo potencial explosivo de reação está em curso com essa história americana. Nos Estados Unidos, pets são sagrados para milhões de pessoas. Isso é mais do que uma modernidade, essa ligação com os animais tem raízes milenares, já está no instinto humano. Pergunte a qualquer pessoa que tem um pet: o elo com esses bichos é tão forte que, muitas vezes, choramos mais por eles do que por familiares.
O ser humano projeta no animal aquilo que gostaria de ver na humanidade: inocência, amor incondicional, um afeto puro que nada exige em troca. E, quando se trata de maus-tratos, a indignação é geral e imediata. A brutalidade contra um animal gera mais revolta que muitos crimes contra pessoas, e isso diz muito sobre o que idealizamos nos nossos bichos de estimação. É o ideal de pureza que desejamos no ser humano. Os pets são como anjos ou crianças, e qualquer atentado contra eles causa uma onda de indignação.
Mas a história não para por aí. Nos Estados Unidos, há um debate quente sobre liberdade, em que os progressistas passaram de defensores a censores de liberdades individuais, ou ao menos assim são vistos por boa parte do país. Lá, a cultura de liberdade é um valor central, é a base sobre a qual o país foi construído.
Diferente do brasileiro, que afirma valorizar a liberdade mas se adapta rápido a quem grita mais alto, o americano preserva essa vigilância pela sua autonomia pessoal. É uma nação fundada por pessoas que cruzaram o oceano fugindo de opressões e se fixaram em novas terras com a promessa de liberdade. Não é que sejam “melhores”, mas essa cultura da liberdade é o alicerce da história deles. Da mesma forma, o servilismo e a bajulação de poderosos são centrais na nossa cultura.
Hoje, nos Estados Unidos, a polarização vai além do campo político. A polarização que vivemos e que eles também enfrentam é afetiva. Não é apenas uma diferença de opinião política, é uma desconfiança moral contra quem vota de outra forma. E o centro desse debate é o direito à liberdade. Em meio a essa divisão, temos o incidente envolvendo o esquilo, que ocorreu justamente em um estado governado pelos democratas, o partido acusado de avançar sobre liberdades individuais.
Será que mexer com o afeto das pessoas por seus animais de estimação pode ter um impacto político? A resposta ainda virá das urnas, mas o simbolismo é inegável. Afinal, poucos temas inflamam tanto o emocional quanto o sofrimento de um pet. Em um país onde a questão da liberdade está no centro das discussões e os ânimos estão exaltados, não seria absurdo imaginar que o destino de um esquilinho, tirado de um dono que o adorava, possa sim influenciar a escolha de quem será a pessoa mais poderosa do mundo.
Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.
Comentários (0)