Crusoé: A treta entre Donald Trump e Liz Cheney
O candidato republicano falou em “colocá-la com um rifle, ali em pé, com nove canos atirando nela”, ao criticar a postura de falcões (hawks) que querem enviar milhares de tropas para a boca do inimigo
O ex-presidente americano Donald Trump chamou de “muito burra”, “estúpida” e “falcão de guerra radical” a ex-deputada Liz Cheney (foto), também do Partido Republicano, durante conversa com o ex-apresentador da Fox News Tucker Carlson, em evento de campanha em Glendale, no Arizona, na quinta-feira, 31 de outubro.
Trump também falou em “colocá-la com um rifle, ali em pé, com nove canos atirando nela”, ao criticar a postura de falcões (hawks) que, de um prédio chique em Washington, querem enviar milhares de tropas para a boca do inimigo.
Filha de Dick Cheney, que foi vice-presidente dos Estados Unidos de 2001 a 2009, no governo de George W. Bush, Liz se tornou a voz republicana mais crítica do papel de Trump na mobilização contra o resultado da eleição de 2020 que resultou na invasão do Capitólio, sede do Congresso dos EUA, em 6 de janeiro de 2021.
Contra a volta de Trump ao poder, a ex-deputada apoia a atual vice-presidente, Kamala Harris, do Partido Democrata, na eleição presidencial da próxima terça, 5 de novembro, que definirá a sucessão de Joe Biden.
“Não o culpo [Dick Cheney] por apoiar a filha [Liz], mas ela é uma pessoa muito burra, muito burra mesmo”, disse Trump. “Ela é uma falcão de guerra radical. Vamos colocá-la com um rifle, ali em pé, com nove canos atirando nela, ok? Vamos ver como ela se sente, quando as armas estiverem apontadas para o rosto dela. São todos falcões de guerra quando estão em Washington, num prédio chique, dizendo: ‘Oh, nossa, vamos mandar 10 mil tropas direto para a boca do inimigo.’ Mas ela é uma pessoa estúpida. Eu tinha reuniões com muita gente, e ela sempre queria entrar em guerra com todo mundo.”
Liz Cheney reagiu no X:
“É assim que os ditadores destroem nações livres. Eles ameaçam aqueles que falam contra eles com a morte. Não podemos confiar nosso país e nossa liberdade a um homem mesquinho, vingativo, cruel e instável que quer ser um tirano.”
A vice-presidente Kamala Harris, em sua tentativa de cortejar eleitores independentes e republicanos moderados, vem explorando a retórica agressiva de Trump contra desafetos e rivais.
A candidata do Partido Democrata fez isso na terça-feira, 29, por exemplo, no Ellipse, em Washington, o mesmo local onde Trump fez seu discurso de 6 de janeiro de 2021.
“Donald Trump pretende usar o Exército dos Estados Unidos contra cidadãos americanos que simplesmente discordam dele. Pessoas que ele chama de ‘o inimigo interno’. Este não é um candidato à presidência que está pensando em como tornar sua vida melhor. Este é alguém instável, obcecado por vingança, consumido por queixas e em busca de poder descontrolado”, disse Kamala.
Em 13 de outubro, Maria Bartiromo, da Fox News, perguntou a Trump sobre a possibilidade de caos no dia da eleição. Trump alertou sobre “pessoas muito ruins”, “lunáticos radicais de esquerda” que devem ser tratados, se “necessário”, pela Guarda Nacional ou pelos militares.
“Lixos”
Na última semana, o presidente americano Joe Biden comparou os eleitores do republicano Donald Trump a “lixo” durante uma entrevista em vídeo para uma jornalista da ONG Voto Latino.
A fala repete o erro da democrata Hillary Clinton, que em 2016 disse que metade dos apoiadores do republicano seriam “um saco de deploráveis“.
Naquele ano, os republicanos se indignaram com o comentário e o usaram para criticar a prepotência de Hillary, que perdeu o pleito.
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