O dólar não para de subir, Haddad
Moeda americana chegou a bater 5,83 reais nesta sexta-feira, 1º, em meio às expectativas sobre o prometido anúncio de cortes de gastos do governo Lula
O dólar chegou a bater 5,83 reais nesta sexta-feira, 1º, em meio às expectativas sobre o desfecho da eleição presidencial dos Estados Unidos, mas principalmente sobre o prometido anúncio de cortes de gastos do governo Lula.
Especialista da Valor Investimentos, Ramon Coser destacou, em entrevista a O Globo, que a viagem do ministro da Fazenda, Fernando Haddad (à direita na foto), à Europa pode postergar o aguardado anúncio de medidas de cortes.
“O governo não está se posicionando a respeito de um corte de gastos e não deve sair nada na próxima semana, com viagem de Haddad ao exterior. Quanto mais incerteza, o mercado fica em tom de espera, fica procurando se proteger, o que traz mais volatilidade”, disse.
Haddad só deve voltar em 9 de novembro.
Juros futuros
Os juros futuros têm refletido a incerteza em torno da política fiscal brasileira, com a taxa de depósito interfinanceiro (DI) para 2027 ultrapassando a marca dos 13% ao ano. Esse nível, se mantido, seria o mais elevado desde maio de 2020, período crítico da pandemia de covid.
A proximidade das eleições americanas adiciona uma camada extra de incerteza ao câmbio. A divulgação recente do relatório payroll revelou a criação de apenas 12 mil postos de trabalho nos Estados Unidos em outubro, um número bem inferior à previsão de 113 mil. O resultado foi influenciado por eventos climáticos adversos, como o furacão Milton.
Para Haddad, “inquietação faz parte”
Haddad disse na quarta-feira, 30, um dia após o dólar superar a barreira de 5,75 reais e fechar no maior valor desde março de 2021, que a inquietação do mercado financeiro sobre o risco fiscal “faz parte”.
O governo Lula fez correr a informação de que Fazenda e Casa Civil já se entenderam sobre a estratégia para cortar gastos e que a questão está sendo analisada pela equipe jurídica. Enquanto o anúncio não vier, contudo, não há perspectiva de domar a alta do dólar.
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