Quem tem medo de Gilberto Kassab?
Possível influência do presidente do PSD nas questões internas da Câmara foi fator que colaborou para esvaziamento de candidatura de Elmar Nascimento
A possibilidade de influência do presidente do PSD, Gilberto Kassab, nas questões internas da Câmara foi um dos fatores que colaboraram para o esvaziamento da candidatura de Elmar Nascimento (União Brasil-BA) à Presidência da Casa, conforme líderes ouvidos por O Antagonista nesta quinta-feira, 31.
Como mostramos mais cedo, Elmar desistiu de disputar a Presidência da Câmara contra Hugo Motta (Republicanos). Agora, a expectativa é de que Antônio Brito, líder do PSD, adote caminho semelhante.
Como mostramos em primeira-mão, PSD e União Brasil fizeram um acordo para caminhar juntos na disputa pela sucessão de Lira. Esse acordo foi costurado pelos presidentes das Executivas Nacionais, Kassab e Antônio Rueda, respectivamente.
“Muito poder concentrado”
O acordo previa o seguinte: os dois partidos iriam disputar o primeiro turno normalmente. Depois, no segundo turno, o líder derrotado iria apoiar o que chegou na reta final da eleição.
O problema, no entanto, é que havia um sentimento na Câmara de que Kassab, caso conseguisse ajudar a eleger o presidente da Casa (Elmar ou Brito), teria gerência tanto nos rumos da Mesa Diretora quanto na pauta, e até mesmo na distribuição de emendas parlamentares, já que os deputados ainda buscam uma alternativa para manter expedientes como, por exemplo, as emendas de relator-geral.
Eleições municipais
Nas palavras de um dos líderes ouvidos pela reportagem, “é muito poder concentrado em uma única mão”. O PSD saiu das eleições de 2024 como o partido que deteve o maior número de prefeituras em todo o país.
Cardeais de MDB e PP ponderam que estas foram as legendas que mais conquistaram cadeiras nas Câmaras de Vereadores. “Um prefeito pode mudar de partido, um vereador, não. Por isso, poder nunca se mede apenas por cargos no executivo”, comentou um líder partidário à reportagem sob reserva.
Ao endossar a candidatura de Hugo Motta, alguns integrantes desses partidos declaram que o gesto coloca “o PSD em seu devido lugar”.
Outro fator que pesou contra Nascimento foi a sua difícil relação com seus pares. Desde o início do ano, deputados reclamam de sua postura ‘ríspida’, considerada até mais tensa do que a mantida com Arthur Lira (PP-AL). Lira comanda a Câmara com “mão de ferro”, o que desagrada algumas alas da Casa. Apesar disso, o presidente da Câmara é conhecido nos bastidores como uma força corporativista e que cumpre acordos.
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