Tigrões com Elon Musk, tchutchucas com Maduro
O grande erro de Lula foi não ter sido firme com Maduro quando teve a chance. Agora, está encurralado. Maduro não tem nada a perder, mas Lula tem.
Quando você abre mão da sua dignidade para evitar uma guerra, você perde as duas coisas: a dignidade e a guerra. E é exatamente isso que estamos vendo na relação entre Lula e Maduro. O presidente brasileiro tem passado pano para as atrocidades do ditador venezuelano há anos, e agora estamos colhendo os frutos desse alinhamento desastroso.
Lula já fez propaganda política para Maduro, numa espécie horário eleitoral gratuito, garantindo que a Venezuela seria uma democracia. Isso não aconteceu recentemente, mas muitos anos atrás, quando Chávez morreu e Maduro assumiu o poder. Desde então, Lula colocou sua credibilidade à prova ao sustentar esse relacionamento. Quando trouxe Maduro ao Brasil, o tratou com honras de chefe de Estado. Isso não foi feito para outros líderes, nem mesmo os de esquerda. Foi só para ele.
Houve também uma sequência de falas absurdas, culminando naquela nojenta declaração de que Maduro tinha que “fazer sua narrativa de democracia.” Narrativa? O que temos ali é tudo, menos democracia. Mas Lula continuou insistindo que as eleições na Venezuela seriam livres e que o Brasil iria observar o processo, como se fosse possível maquiar a ditadura escancarada.
O ponto de inflexão veio quando Maduro começou a fazer declarações absurdas, falando sobre um “banho de sangue” caso não ganhasse a eleição. Celso Amorim tentou suavizar, chamando isso de metáfora. Mas Lula falou em entrevista que estava assustado com as atitudes do venezuelano. E qual foi a resposta de Maduro? Desrespeito total: “Tá assustado? Toma um chá de camomila.” O ditador debochou. E por que? Porque ele não tem compromisso com nada, é um ditador, e ditadores não jogam pelas regras da diplomacia.
Enquanto Lula tentava manter a aparência de que tudo estava sob controle, Maduro mostrava que ele está comprometido apenas com seus aliados: Putin, o Irã, e a China. Eles não estão nem aí para o que Lula pensa. O erro de Lula foi não perceber que estava lidando com alguém que não tem nada a perder. E quando o Brasil foi alvo de acusações absurdas, como a de que Lula teria sido recrutado pela CIA enquanto estava preso, o governo brasileiro simplesmente não reagiu. Agora Maduro ataca diretamente o Itamaraty, acusa de conspiração contra a Venezuela em conluio com os Estados Unidos. Zero reação até agora.
Agora, com o BRICS, a situação só piora. Temos um bloco de ditaduras buscando criar um sistema de pagamento único e uma moeda própria para driblar as sanções impostas pelas democracias. Putin, sancionado internacionalmente por invadir a Ucrânia e condenado por genocídio, quer isso. Maduro, que tortura opositores, incluindo crianças, também quer o mesmo. E o plano é simples: criar um “clubinho da ditadura,” onde ninguém precisará temer as sanções do mundo democrático.
Maduro já mostrou que não recua. Ele quer um pronunciamento de Lula, dobrando a aposta no confronto. E qual é a resposta do Brasil? Amorim diz que é só um mal-estar, que tudo vai passar. Maduro, por sua vez, chamou de volta seu embaixador e colocou Lula contra a parede.
O grande erro de Lula foi não ter sido firme com Maduro quando teve a chance. Agora, está encurralado. Maduro não tem nada a perder, mas Lula tem. O PT, que muitos acreditam ser invencível, já perdeu feio nesta última eleição. Tem menos prefeituras que o PSDB, que já parecia morto. O PT está tentando entender o que aconteceu, mas a realidade é clara: estão vulneráveis.
E aí fica a pergunta: onde estão os tigrões que defendiam a soberania nacional contra Elon Musk? Aqueles que batiam no peito para proteger o Brasil contra o bilionário? Os mesmos que diziam que todos os brasileiros tinham de ficar sem uma rede social por que a “defesa da soberania” vem primeiro?
Quando se trata de um tweet de Musk, aparecem todos esses defensores da soberania nacional. Mas, diante da palhaçada de Maduro, viram tchutchuca. Que coisa, não?
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