Traficantes do Complexo de Israel, na Zona Norte do Rio de Janeiro, pagaram mais de R$ 170 mil em propinas a policiais militares em apenas uma semana.

A informação veio à tona neste domingo, 27, em reportagem do Fantástico, da TV Globo, que teve acesso a documentos descrevendo os pagamentos, chamados de “arrego”, seguidos dos apelidos dos agentes. A região, conhecida pela forte atuação do tráfico, é liderada por Álvaro Malaquias Santa Rosa, o ‘Peixão’, líder do Terceiro Comando Puro (TCP).

O Complexo de Israel abrange as comunidades de Parada de Lucas, Vigário Geral, Cidade Alta, Pica-Pau e Cinco-Bocas. ‘Peixão’ usa a simbologia israelita, como a Estrela de Davi, para marcar seu domínio, e é acusado de promover intolerância contra religiões de matriz africana.

De acordo com denúncias, ele expulsa praticantes dessas religiões e ordena ataques a centros religiosos. Sua quadrilha é conhecida como “Tropa do Arão”, nome inspirado em sua autoproclamação como “Arão”, irmão de Moisés. O Complexo de Israel faz referência à ideia de uma “terra prometida”.

Operação Policial e Confronto na Avenida Brasil

Na última quinta-feira, 24, uma operação policial resultou em um intenso tiroteio nas comunidades da Cidade Alta, Cinco Bocas e Pica-Pau. A ação provocou momentos de terror na Avenida Brasil, uma das principais vias da cidade, que precisou ser interditada. Três pessoas morreram no confronto: Paulo Roberto Souza, motorista de aplicativo; Renato Oliveira, passageiro de ônibus; e Geneilson Eustaque Ribeiro, motorista de caminhão. Outros três ficaram feridos. A situação colocou o Rio de Janeiro em Estágio 2, um alerta para riscos de alto impacto.

O motorista de aplicativo, Paulo Roberto, foi atingido na cabeça e chegou ao hospital já sem vida. Renato Oliveira, passageiro de um ônibus, também morreu após ser baleado. Geneilson Ribeiro, que fazia entregas para escolas municipais, foi transferido entre hospitais após ser atingido, mas não resistiu aos ferimentos.

Riqueza e Influência de ‘Peixão’

Álvaro Malaquias, além de comandar o tráfico, vive em uma casa luxuosa em Parada de Lucas, descrita pela polícia como um “resort”, equipada com academia e lago artificial. A residência, repleta de símbolos da Estrela de Davi, reflete seu poder na região. Em outra propriedade usada pelo traficante, foram encontrados equipamentos de ginástica de última geração, também marcados pelo símbolo israelita.

A Polícia Militar ainda não se pronunciou oficialmente sobre as acusações de recebimento de propina. As investigações continuam, revelando um cenário de corrupção e violência na Zona Norte do Rio de Janeiro, onde o domínio do tráfico e os confrontos frequentes impactam diretamente a vida dos moradores.