Desde que propôs a CPI do Abuso de Autoridade, o deputado Marcel van Hattem é “voz solo” no Congresso Nacional pela investigação de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e outros agentes públicos suspeitos de quebrar os limites de sua atuação e atentar contra a dignidade de investigados.

O principal motivador do pedido de CPI pelo deputado gaúcho foi a morte de Clériston Pereira da Cunha, preso no Complexo Penitenciário da Papuda pelo 8 de janeiro, mesmo após a apresentação de três laudos médicos que atestavam as comorbidades do comerciante, e um parecer favorável da Procuradoria Geral da República (PGR) pela soltura dele.

Após protocolar o pedido com as 171 assinaturas, Marcel faz declarações e cobranças pela instalação da CPI. Mas o assunto “esfriou” e outros parlamentares se “desengajaram” do tema, mesmo no grupo de oposição. Sozinho no pleito, o parlamentar falou sobre o assunto no programa Meio Dia em Brasília de O Antagonista.

“Entendo que a CPI do Abuso de Autoridade deve ser instalada, já devia ter sido instalada. Muitas coisas não teriam acontecido se ela tivesse sido instalada. O impeachment do ministro Alexandre de Moraes tem de acontecer e vou continuar tratando desse tema dos abusos internos que ocorrem na Polícia Federal para as instâncias concernentes“, destacou durante a entrevista.

Foi uma fala do líder do NOVO sobre o delegado da Polícia Federal, Fábio Shor, que motivou a abertura de inquérito do qual o ministro Flávio Dino é relator. O deputado chamou, na tribuna da Câmara, o delegado de “abusador de autoridade”.

Shor é responsável por investigações ligadas ao ministro Alexandre de Moraes, incluindo o caso da prisão do ex-assessor da Presidência Filipe Martins e a acusação contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) de ter se apropriado de presentes destinados ao Estado.

“Talvez não deveria estar surpreso ao saber que estava sendo intimado para prestar esclarecimentos sobre uma investigação que corre contra mim no STF, em virtude de uma fala minha na tribuna da Câmara dos Deputados! Flávio Dino é o relator desse caso no STF”, destacou o deputado em denúncia na tribuna da Casa de Leis.