“Vagabundos igual a Lula”: deputado bolsonarista agora faz o L bonito
Elogiando o presidente da República, o ex-bolsonarista raiz, hoje "comunista de carteirinha", se derreteu em paixão
Em busca dos votos dos evangélicos – já que até mesmo dos petistas anda meio difícil, como mostraram as urnas Brasil afora, neste primeiro turno das eleições municipais – o presidente Lula sancionou na terça-feira, 15, projeto de lei que criou o Dia Nacional da Música Gospel. Meu colega Wilson Lima, âncora do programa Meio-Dia em Brasília, publicou uma excelente análise a respeito, aqui no O Antagonista.
A presença mais inusitada do evento, seguramente, foi a do deputado federal Otoni de Paula (MDB), um fervoroso bolsonarista até então, daqueles de fazer arminha com as mãos e tudo mais. O parlamentar fluminense, em violento discurso na Câmara, certa vez, chegou a dizer que “vagabundos igual a Lula”, caso atravessassem a rua da escola dos filhos, ou de sua casa, seriam por ele recebidos à bala.
“Eu quero dizer para vagabundos igual a Lula, não atravesse a escola dos meus filhos, ir lá em casa, então, inimaginável, porque no Rio de Janeiro, lá no Rio de Janeiro, a gente tem um método de tratar bandido, é na bala. Então não venha atravessar a escola de meus filhos, não venha tentar visitar minha casa, porque vai ser na bala, tão me ouvindo? Vai ser na bala, seus vagabundos”.
Duas caras
Sempre que um encantador de serpentes travestido de político populista “dá uma banana” para seus devotos, eu me divirto à beça. Pastor e rebanho contarão sempre com minha contrariedade e mais severa crítica, pois, juntos, transformam a política e o país em lugares piores. No caso, o mesmo Otoni, que outrora chamava Lula de vagabundo, agora jura amor ao chefão petista como verdadeiros BFF (Best Friends Forever).
Elogiando o presidente da República, o ex-bolsonarista raiz, hoje comunista de carteirinha, se derreteu em paixão: “Graças a essa visão social, que nossas igrejas passaram a ter mais doutores e professores, gente que jamais poderia ter um diploma de curso superior se não fosse a visão do governo de vossa excelência”. Nossa, que lindo! Pena que não rolou um beijinho depois, né, deputado?
Em 2021, após uma dura coluna minha sobre o “mito” e suas ofensas aos jornalistas, este senhor me atacou em suas redes sociais: “Ricardo Kertzman é uma das viúvas do dinheiro público em crise de abstinência. É um jornalista esquerdista vagabundo, que nunca se indignou com os anos de roubalheira do PT”. Por certo, jamais havia me lido na vida, o que não o impediu de escrever tanta bobagem.
Depois de ouvir suas loas de amor ao presidente Lula, fico imaginando quando será a minha vez: “Ricardo Kertzman sempre esteve do lado da verdade e com inteira razão”. Se bem que, pelo andar da carruagem, é capaz de o valente me atacar outra vez, já que críticas a Lula não faltam em meus artigos – como jamais faltaram, viu, deputado? – e, provavelmente, nunca faltarão. O fato é: Otoni fez o L. E fez bonito.
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