Laboratório envolvido em contaminação por HIV recebeu R$ 11 milhões do governo estadual
Empresa investigada em escândalo recebeu R$ 11,5 milhões antes de ter atividades suspensas.
O laboratório Patologia Clínica Doutor Saleme (PCS Saleme), alvo de investigação após seis pacientes transplantados contraírem HIV por erros em exames de sorologia, foi contratado pelo governo do Rio de Janeiro para realizar 1,7 milhão de testes em unidades da rede pública de saúde. Os contratos, assinados pela Fundação Saúde, somam R$ 11,5 milhões e incluíam exames essenciais como testes rápidos de HIV e triagem para anticorpos, como o Elisa.
Os erros, que resultaram na contaminação dos pacientes, levaram à suspensão das atividades da empresa e à prisão de quatro funcionários. Mesmo após o início das investigações, a empresa mantinha contratos ativos com o estado, sendo responsável por realizar 85 mil exames mensais em 13 unidades, incluindo hospitais estaduais e a Central Estadual de Transplantes. O contrato, que deveria vigorar até novembro, foi interrompido devido ao escândalo.
Com a suspensão do laboratório, o governo enfrenta dificuldades para atender a demanda dos exames laboratoriais. Em algumas unidades de saúde, como o Hospital Estadual Eduardo Rabelo, os serviços foram suspensos temporariamente. A Fundação Saúde informou que parte dos exames foi redirecionada ao Hemorio e que uma contratação emergencial está em andamento para substituir a PCS Saleme.
O novo contrato, estimado em R$ 70 milhões — seis vezes maior que o anterior —, deve suprir a crescente demanda de exames. Antes do escândalo, o governo já estudava aumentar o volume de testes realizados pela rede pública, mas a falha nos exames expôs a fragilidade do controle sobre os prestadores de serviços e os riscos para a saúde pública.
Dr. Luizinho nega ligação com laboratório
O laboratório PCS Saleme tem como sócios o primo de Dr. Luizinho, Matheus Sales Teixeira Bandoli Vieira, e seu tio por afinidade, Walter Vieira. Além disso, sua irmã, Débora Lúcia Teixeira, trabalha na Fundação Saúde, órgão responsável por assinar o contrato milionário com o laboratório.
Dr. Luizinho ocupou o cargo de Secretário de Saúde do Rio de Janeiro de janeiro a setembro de 2023. Embora o contrato com o PCS Saleme tenha sido assinado em dezembro de 2023, três meses após sua saída, o processo de contratação se arrastou por mais de três anos, período em que ele era o chefe da pasta.
Durante seu mandato, o laboratório recebeu quase R$ 20 milhões em pagamentos do governo estadual, evidenciando a relevância econômica dos contratos firmados entre a empresa e o estado.
O Ministério Público instaurou um inquérito para investigar irregularidades na licitação que contratou o PCS Saleme, incluindo uma possível interferência de Dr. Luizinho. O político, por sua vez, nega ter participado diretamente da contratação e afirma que conhece o laboratório há mais de 30 anos.
Ele lamentou o ocorrido e defendeu punições rigorosas para os responsáveis.
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