PF investiga casos de infecção por HIV após transplante
Erros em exames sorológicos podem ter contribuído para a disseminação do vírus em pacientes que aguardavam na fila para transplantes no Rio
A Polícia Federal vai investigar o caso envolvendo a contaminação por HIV de seis pacientes transplantados no Rio de Janeiro, informou o Ministério da Justiça e Segurança Pública. Erros em exames sorológicos podem ter contribuído para a disseminação do vírus em pacientes que aguardavam na fila para transplantes.
Uma auditoria para investigar o sistema de transplantes no Rio de Janeiro também foi instaurada pelo Ministério da Saúde.
De acordo com o governo do estado, os erros ocorreram em dois exames realizados pelo laboratório PCS Lab Saleme, contratado em dezembro de 2023 para realizar sorologias de órgãos doados.
Segundo reportagem do G1, a empresa, localizada em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, foi contratada em caráter emergencial, em um processo de licitação no valor de R$ 11 milhões.
O Ministério da Saúde determinou que a testagem de todos os doadores de órgãos no estado voltasse a ser feita exclusivamente pelo Hemorio.
“Situação sem precedentes”
A Secretaria Estadual de Saúde do Rio de Janeiro (SES-RJ) afirmou em nota divulgada na sexta-feira, 11, considerar o caso “inadmissível” e ressaltou que se trata de uma situação sem precedentes.
“Esta é uma situação sem precedentes. O serviço de transplantes no Estado do Rio de Janeiro sempre realizou um trabalho de excelência e, desde 2006, salvou as vidas de mais de 16 mil pessoas.”
Segundo a secretaria, uma sindicância foi instaurada para identificar e punir os responsáveis.
Relações e responsabilidades
O laboratório investigado é de propriedade de um primo do ex-secretário de Saúde, Doutor Luizinho. A contaminação veio à tona em setembro de 2024, quando um paciente transplantado apresentou sintomas neurológicos e testou positivo para HIV.
O paciente havia recebido um coração em janeiro daquele ano e não possuía o vírus antes do procedimento. A partir deste caso, as autoridades refizeram o processo e identificaram que outros pacientes também foram infectados.
Foram realizados novos exames em amostras preservadas de doadores, e a SES-RJ confirmou a presença do HIV em alguns órgãos transplantados. Pacientes que receberam rins e fígado também testaram positivo. Uma exceção foi o receptor de uma córnea, que não apresentou contaminação. A SES-RJ continua revisando amostras de outros doadores e confirmando a extensão do problema.
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