Dom Odilo Scherer renuncia ao cargo após 17 anos
Aos 75 anos, arcebispo segue norma canônica e abdica do cargo, mas permanecerá mais dois anos a pedido do papa
Dom Odilo Scherer (foto), cardeal e arcebispo da Arquidiocese de São Paulo, anunciou sua renúncia ao cargo, em conformidade com as regras da Igreja Católica.
O pedido foi aceito pelo papa Francisco, conforme comunicado divulgado nesta terça-feira, 8. A solicitação oficial de renúncia ocorreu no dia 21 de setembro, data em que o arcebispo completou 75 anos, idade prevista pela norma canônica para a abdicação.
Pedido de renúncia ao cargo aceito pelo papa Francisco
De acordo com reportagem da Folha de S. Paulo, o papa Francisco recebeu e aceitou a renúncia de Dom Odilo em um tempo considerado célere nos bastidores da Igreja Católica. Menos de um mês após o pedido oficial, a decisão do pontífice gerou diferentes interpretações entre membros do clero.
Enquanto alguns enxergaram o rápido aceite como uma forma de esvaziamento do poder político de Scherer dentro da Igreja no Brasil, outros interpretaram a prorrogação de sua permanência no cargo por mais dois anos como um sinal de prestígio.
O Vaticano, até o momento, não anunciou quem será o sucessor de Dom Odilo na liderança da Arquidiocese de São Paulo.
Norma canônica e os 75 anos
Segundo as normas da Igreja, todo bispo deve apresentar sua renúncia ao papa ao completar 75 anos. O texto oficial diz que “o bispo diocesano é solicitado a apresentar a renúncia do ofício ao Sumo Pontífice, que, ponderando todas as circunstâncias, tomará providências”. Em sua carta de renúncia, Dom Odilo explica que o papa pediu que ele permanecesse no cargo por mais dois anos, permitindo-lhe continuar suas atividades pastorais.
Dom Odilo ocupa o cargo de arcebispo metropolitano de São Paulo desde 2007. Na carta, ele incentivou a comunidade a seguir com a preparação para o Ano Jubilar de 2025, afirmando: “Sigamos em frente, preparando-nos mediante a oração para viver intensamente o Ano Jubilar de 2025, como ‘peregrinos da esperança'”. Ele encerrou a mensagem pedindo as bênçãos de Deus sobre todos.
Líder conservador no cenário religioso brasileiro
Nascido em Cerro Largo, no Rio Grande do Sul, Dom Odilo ingressou no seminário no Paraná e foi ordenado presbítero em 1976, aos 27 anos. Sua trajetória na Igreja Católica ganhou destaque em 2001, quando foi nomeado bispo auxiliar da Arquidiocese de São Paulo pelo papa João Paulo II. Seis anos depois, em 2007, assumiu a liderança da arquidiocese.
Dom Odilo é conhecido por seu posicionamento conservador dentro da Igreja, o que contrasta com a visão mais progressista do papa Francisco. Ao longo de sua trajetória, ele conquistou adversários entre grupos católicos mais radicais, que chegaram a acusá-lo de comunismo devido a algumas de suas declarações.
Um exemplo disso ocorreu durante as eleições de 2022, quando Dom Odilo criticou o fanatismo político, afirmando que “onde há fanatismo, perdeu-se a lucidez”. Ele também mencionou que a polarização extrema, tanto à esquerda quanto à direita, prejudica o diálogo e a harmonia social.
Futuro comprometido com a igreja
Em entrevista à TV Globo, Dom Odilo comentou sobre o processo de renúncia, explicando que o pedido está em conformidade com as normas da Igreja, e que cabe ao papa decidir quando será o momento apropriado para aceitar a saída.
Com o pedido de Francisco para que ele continue no cargo por mais dois anos, Dom Odilo afirmou que suas atividades seguirão normalmente durante esse período.
Embora ainda não tenha definido um plano claro para o futuro, Dom Odilo expressou sua intenção de continuar em São Paulo após deixar o cargo de arcebispo, mantendo-se disponível para colaborar com a Igreja local. “A gente continua à disposição da Igreja naquilo que ainda puder fazer”, concluiu.
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