A Justiça Eleitoral do Rio de Janeiro, com apoio das polícias Federal e Militar, realizou nesta semana uma operação em uma gráfica no bairro Grajaú, Zona Norte do Rio, para impedir a distribuição de milhares de exemplares do jornal O Fluminense.

A ação foi motivada por denúncias de que o periódico estaria sendo utilizado para disseminar ataques ao candidato Rodrigo Neves (PDT), que disputa o segundo turno das eleições municipais de Niterói com Carlos Jordy (PL).

O Fluminense, fundado em 8 de maio de 1878, é o terceiro jornal mais antigo em circulação no estado do Rio de Janeiro e o sexto do país. Publicado de terça-feira a sábado (com a edição de sábado revendida aos domingos e segundas-feiras), o veículo tem uma longa trajetória na cidade de Niterói.

Rodrigo Neves (PDT), ex-prefeito da cidade, e Carlos Jordy (PL), deputado federal, disputam o cargo após o primeiro turno, quando Neves obteve 48,47% dos votos válidos e Jordy ficou com 35,59%. Os candidatos Talíria Petrone (Psol) e Bruno Lessa (Podemos) ficaram em terceiro e quartos lugares, respectivamente, com 12,65% e 3,14% dos votos​​​​.

A disputa é marcada pelo apoio de grandes figuras políticas. Carlos Jordy conta com o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que participou de atos de campanha ao lado dele, enquanto Rodrigo Neves tem proximidade com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), embora não tenha obtido um apoio oficial.

De acordo com as autoridades, o jornal teria aumentado drasticamente sua tiragem no período eleitoral, o que foi considerado uma tentativa de influenciar os eleitores às vésperas da votação. A juíza Daniela Ferro Afonso, da 199ª Zona Eleitoral, determinou a proibição do aumento da circulação do jornal, bem como a distribuição gratuita e a publicação de matérias que pudessem interferir no equilíbrio da disputa eleitoral.

A ação foi resultado de uma fiscalização do Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro (TRE-RJ), que identificou irregularidades no conteúdo veiculado pelo jornal. Segundo a decisão judicial, o material impresso trazia “ataques criminosos” contra Rodrigo Neves, enquanto favorecia abertamente a candidatura de Carlos Jordy.

Além disso, a juíza estabeleceu uma multa de R$ 100.000,00 caso as ordens judiciais sejam descumpridas. A gráfica onde os exemplares estavam sendo impressos foi alvo de busca e apreensão pela Polícia Federal, e o material recolhido será analisado.

O segundo turno das eleições em Niterói ocorre no domingo, 27, e o caso envolvendo o jornal O Fluminense se soma a uma série de episódios que têm marcado a disputa eleitoral na cidade. Rodrigo Neves e Carlos Jordy disputam a prefeitura em um cenário de forte polarização política. A Justiça Eleitoral tem intensificado a fiscalização para garantir que o pleito ocorra de forma justa e equilibrada.

Essa medida busca coibir o uso indevido de veículos de comunicação durante a campanha eleitoral, garantindo que a imprensa local mantenha sua função de informar com isenção, sem interferir no processo democrático.