Justiça determina sigilo sobre pedido de prisão de Marçal
A Justiça Eleitoral reconheceu indícios de falsificação no documento usado por Marçal para acusar Boulos de uso de drogas
O juiz Rodrigo Marzola Colombini, da 2ª Zona Eleitoral de São Paulo, decretou sigilo sobre a notícia-crime apresentada pelo candidato à Prefeitura de São Paulo Guilherme Boulos (PSOL) contra Pablo Marçal (PRTB).
Colombini encaminhou o caso para o núcleo do Juízes de Garantia da capital paulista. O Ministério Público deverá se manifestar sobre o caso por meio da abertura de um inquérito.
Como mostramos, a Justiça Eleitoral reconheceu indícios de falsificação no documento usado por Marçal para acusar Boulos de uso de drogas. O ex-coach publicou o suposto prontuário médico enquanto participava de um podcast, a sexta-feira, 4.
O documento é datado de 19/01/2021. O candidato do PSOL negou a autenticidade do documento, compartilhou imagens referentes à data mencionada na receita e declarou que pedirá a prisão de Marçal e do proprietário da clínica responsável pelo documento, a Mais Consultas.
Segundo o juiz eleitoral, “há plausibilidade” nas alegações da campanha de Boulos que apontam a “falsidade do documento”. Ele cita ainda a “proximidade” do ex-coach com o dono da clínica responsável pelo laudo e o fato de o documento médico ter sido “assinado por profissional já falecido”.
Também aponta inconsistências no documento apresentado por Marçal, como o número errado do RG do candidato do PSOL. As inconsistências vão desde erros como a frase “por minha atendido” até a palavra “cocaína” escrita sem o acento.
Em sua decisão, Colombini atendeu parte do pedido da campanha de Boulos e não determinou nova derrubada do perfil de Marçal.
“Aquela assinatura não é dele”
Uma ex-funcionária de José Roberto de Souza, médico responsável pelo laudo publicado por Pablo Marçal (PRTB), disse ao jornal O Globo não reconhecer a assinatura que consta no documento divulgado pelo candidato.
“Trabalhei 31 anos com o doutor José Roberto. Aquela assinatura não é dele. Ele sempre falava: ‘Faço a assinatura desse jeito porque nunca ninguém vai conseguir falsificar’. Quando vi aquela assinatura, isso veio na minha cabeça e decidi zelar pelo nome dele”, disse Iolanda Rodrigues.
Ela também enviou ao jornal imagens de um certificado de conclusão de um curso que fez no Instituto de Hematologia e Hemoterapia de Campinas (IHHC), avalizado pelo patrão.
O médico cuja assinatura aparece em receituário usado por Marçal ingressou no Conselho Regional de Medicina em São Paulo em 1972 e já faleceu.
Dono de clínica foi condenado por falsificação
O biomédico Luiz Teixeira da Silva Junior, proprietário da clínica responsável pelo receituário apresentado por Marçal, foi condenado em 2021 por usar documentos falsos para obter o registro profissional de médico.
Segundo denúncia do Ministério Público Federal, Teixeira Júnior apresentou ao Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul um diploma de graduação em medicina e uma ata de colação de grau falsos supostamente emitidos pela Fundação Educacional Serra dos Órgãos. A instituição nega que ele tenha sido aluno do curso.
O fato de a faculdade ter sido renomeada como Centro Universitário Serra dos Órgãos foi outro elemento que indicou tratar-se de um documento falsificado. Ele teria pagado R$ 27 mil aos falsificadores.
Luiz Teixeira da Silva Júnior foi sentenciado a 2 anos e quatro meses de prisão, inicialmente em regime semiaberto. O Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) confirmou a condenação, mas a substituiu por uma pena restritiva de direitos.
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