O suposto receituário de Boulos e o ‘limite’ de Marçal
Boulos negou a autenticidade do documento e disse que pedirá a prisão de Marçal e do proprietário da clínica que produziu o receituário, a Mais Consultas
A publicação feita nesta sexta-feira, 4, pelo candidato à prefeitura de São Paulo pelo PRTB, Pablo Marçal, levantou na internet questionamentos sobre o ‘método’ escolhido pelo empresário para atacar um adversário, e criou tensão em torno das possíveis consequências para o “modus operandi” do ex-coach.
Marçal publicou em sua rede social um receituário que trata, supostamente, da internação do candidato do PSOL, Guilherme Boulos, em decorrência do uso de cocaína. O receituário é datado de 19/01/2021. O candidato do PSOL negou a autenticidade do documento, compartilhou imagens referentes à data mencionada na receita e declarou que pedirá a prisão de Marçal e do proprietário da clínica responsável pelo documento, a Mais Consultas.
Boulos postou imagens que mostram Marçal ao lado de Luiz Teixeira da Silva Junior, que seria o proprietário da clínica que produziu o prontuário. Luiz Teixeira aparece em fotos com Pablo Marçal e seria apoiador do empresário. Boulos também repercutiu matéria de 2017, que atribuiu a Texeira um mandado de prisão por peculato, organização criminosa e lavagem de dinheiro.
Inconsistências
As inconsistências no documento apresentado por Marçal vão desde erros como a frase “por minha atendido” até a palavra “cocaína” escrita sem o acento.
Boulos respondeu com uma transmissão ao vivo no Instagram a acusação do empresário e afirmou que o documento divulgado pelo seu adversário é falso. O político acrescentou que o número do documento exibido na receita está incorreto.
“Espero que a Justiça seja rápida, tanto a Justiça Eleitoral, cassando o post dele e tomando todas as medidas cabíveis, como a Justiça Criminal, respondendo ao pedido de prisão, tanto do Pablo Marçal como do dono da clínica farsante”, disse Boulos.
O tal receituário
O documento disponibilizado foi assinado pelo médico José Roberto de Souza, que, segundo Boulos, tem o CRM inativo há dois anos porque já morreu. A informação foi confirmada pela Folha de São Paulo.
Eis a redação do documento apresentado por Marçal: “Encaminho o senhor Guilherme Castro Boulos, que apresentou um quadro de surto psicótico grave, com delírio persecutório e ideias homicidas, apresentando período de confusão mental e episódio de agitação”.
O receituário traz detalhes como a data de nascimento de Boulos -19/06/1982- e afirma que um exame toxicológico, apresentado pelo acompanhante do deputado na ocasião, indicou o uso de cocaína.
Promessa
A postagem do documento foi uma promessa de Marçal ao longo de sua campanha. Durante o debate promovido pela Rede Globo, Boulos afirmou que a acusação de Marçal sobre a suposta dependência química do deputado seria “mais uma das mentiras” do candidato do PRTB.
Podcast
Durante participação no podcast Inteligência Limitada, o ex-coach anunciou a publicação do receituário em sua rede social e pediu para exibir o documento durante o programa. O apresentador Rogério Vilela esclareceu que, como não abriu o espaço para a apresentação de documentos por outros candidatos entrevistados pelo podcast, não autorizaria a exibição. Marçal fez de sua entrevista ao canal mais uma oportunidade de provocar o primeiro colocado nas pesquisas pela corrida eleitoral em São Paulo.
“Boulos, um cara que apoia depredação, muda discurso, diz que parou de usar droga. Pode mostrar aqui o documento? Não mostrei na Globo porque o Tralli me ignorou. […] Você acha que eu ia brincar com isso? É um negócio que ele tenta esconder a qualquer custo. É cheirador de Cocaína”, disse.
Marçal ainda afirmou que é normal que deputados usem cocaína em Brasília. “Não é novidade em Brasília que grande parte dos deputados que nunca usaram, quando vira deputado ali naquela cidade, cheira cocaína. É um negócio normal”.
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