Josias Teófilo na Crusoé: Um palco para a enganação
Theatro Municipal de São Paulo engana o público com dinheiro público
Já há três meses estavam esgotados os ingressos no Theatro Municipal de São Paulo para a ópera Nabucco, de Giuseppe Verdi. Mas quem foi ver a ópera encontrou algo diferente do anunciado.
De cara, chama atenção o “cenário”, com um grande espelho móvel que de início reflete o maestro no fosso da orquestra, e um grande tecido drapeado que é incorporado ao vestido da protagonista ao centro de um tablado de madeira.
O espelho se divide em partes, e se move durante todo o espetáculo. Também serve como tela de projeção, onde filmagens feitas ao vivo são reproduzidas – closes dos protagonistas cantando, múltiplas imagens sobrepostas, e até imagens feitas pelos cantores segurando a câmera enquanto cantam (o que é algo bem esquisito, para dizer o mínimo).
Tantos elementos precisavam ser harmonizados em função do enredo da ópera. Só que isso não aconteceu. Na verdade, a montagem é altamente dispersiva: vemos, por vezes, no palco ao mesmo tempo, o coro, os cantores, a projeção da imagem dos cantores, o reflexo do coro no espelho – é informação demais para assimilar, informação que não tem função dramática.
Mas o pior ainda está por vir: a diretora Christiane Jatahy cortou cenas inteiras da ópera, como a cena da aliança de Zaccaria com Nabucco, todo o trecho inicial da primeira parte do terceiro ato, e ainda fez acréscimos: uma peça musical não composta por Verdi foi acrescentada ao final, escrita recentemente por Antonino Fogliani. No final, foi acrescentado também uma repetição do famoso coro “Va’, pensiero” a capela, com o coro posicionado na plateia.
Todas essas alterações tem uma função clara: a politização do enredo da ópera e tentativa de atualização para os dias atuais. O que, aliás, é uma tentativa fadada ao fracasso: trazer a história do rei Nabucodonosor II da Babilônia para o ano de 2024 não tinha a menor chance de dar certo.
O coro estava vestido com roupa atual, pareciam ter entrado no teatro com a mesma roupa que vieram do metrô, e o enfoque racial e identitário se revelava a todo momento, nos closes e na falas, chegando ao ponto de um integrante do coro gritar “Palestina livre”.
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