Milhares de trabalhadores portuários nos Estados Unidos iniciaram uma greve geral nesta terça, 1, interrompendo as operações em 14 portos que movimentam quase metade das importações do país.

A greve, organizada pela International Longshoremen’s Association (ILA), ocorre após o fracasso nas negociações sobre aumento salarial e automação nos portos, que se arrastavam desde o verão americano.

Cerca de 45 mil trabalhadores cruzaram os braços à meia-noite, afetando portos importantes, como os de Nova Jersey, Filadélfia, Baltimore, Miami e Houston. A decisão de greve veio após o sindicato rejeitar uma proposta de última hora da United States Maritime Alliance, que oferecia um aumento salarial de 50%, contribuições triplicadas para planos de aposentadoria e melhores opções de saúde. No entanto, o impasse sobre a automação nas docas permaneceu, levando à paralisação.

“A proposta salarial é inaceitável”, afirmou a ILA em comunicado, acrescentando que os empregadores “bloqueiam” um acordo justo. O presidente do sindicato, Harold Daggett, já havia alertado que a greve teria um impacto severo. “Vou paralisar vocês, e vocês não fazem ideia do que isso significa”, declarou em mensagem antes do início da paralisação.

O impacto da greve nos Estados Unidos pode ser sentido durante meses, especialmente com a proximidade das festas de fim de ano. Produtos essenciais como alimentos, medicamentos, roupas, móveis e até enfeites natalinos podem ter sua distribuição prejudicada. As exportações de carne, ovos e algodão também devem sofrer interrupções significativas.

A administração Biden optou por não invocar o Taft-Hartley Act, que poderia forçar os trabalhadores a retornarem ao trabalho. A decisão gerou críticas, com adversários políticos alegando falta de ação para evitar a crise. “Não tenho me focado muito nisso”, admitiu a secretária de comércio, Gina Raimondo, quando questionada sobre o impacto iminente da greve. Dependendo da duração, a paralisação pode ter reflexos até o período eleitoral de novembro.