Leonardo Barreto na Crusoé: Quando o pessimismo vira risco
Segundo o economista André Perfeito, o panorama geral parece favorável ao país, especialmente por causa do petróleo
O economista André Perfeito, de perfil heterodoxo mas com muito trânsito na Faria Lima, usa a palavra “delírio” para classificar a maneira negativa como o mercado financeiro tem avaliado o estado da economia brasileira. O risco desse bloqueio de perspectivas, segundo ele, é que o pessimismo dos agentes econômicos normalmente trava o investimento; sem aumento da produção, a demanda pressiona a inflação; com preços em alta, o Banco Central tem que aumentar os juros; com as taxas elevadas, os agentes econômicos não investem e está formada uma espiral de estagnação.
Segundo ele, esse é o principal risco de médio prazo que precisa ser monitorado, mas que não deve se materializar porque o panorama geral parece favorável ao país, especialmente por causa do petróleo. O saldo positivo na balança de exportações e importações daria um conforto inédito na nossa história, “trazendo uma dinâmica externa a que os economistas simplesmente não estão habituados”. Ou seja, os analistas estariam medindo uma realidade nova com uma régua antiga.
Olhando para trás e recuperando a memória da crise de 2015/16, que, deve-se lembrar, trouxe um prejuízo econômico comparável ao da pandemia de Covid, outro elemento também não está presente: a queda acentuada dos preços de commodities. Mesmo após terem caído em relação a um pico de 2022, as cotações encontram-se relativamente estáveis em um bom patamar.
Por fim, o ciclo de queda de juros nas economias desenvolvidas, principalmente nos Estados Unidos, deve trazer alívio para o aperto monetário no Brasil iniciado na última reunião do Copom com o aumento da taxa básica de juros. Nesse tom, André disse que é preciso passar uma “palavra de tranquilidade”. Ele termina sua análise dizendo que “a situação do Brasil não é perfeita, mas nem de longe está no caos que alguns querem fazer crer.”
É importante entender o papel do pessimismo na economia do país. A falta de confiança não está apenas no mercado financeiro, mas também em todos os segmentos de atividade que são medidos, por exemplo, pela FGV. Longe de ser um mimimi de segmentos antipetistas, é uma condição dada, com a qual o governo precisa lidar. A agenda mais importante deveria ser a produção de um choque de confiança.
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