De tigrão a tchutchuca, a trajetória de Marçal após a cadeirada
Irresponsáveis e arruaceiros políticos não devem ter lugar em nossa frágil, imperfeita e, sim, irritante democracia
Particularmente, não acredito nem por um milionésimo de segundo, que Pablo Marçal tenha se convertido à civilização e ao espírito democrático. Até porque, convenhamos, seu modo educado é tão falso, mas tão falso, que salta aos olhos e ouvidos a incompatibilidade entre o comportamento (quase adequado) e o personagem (verdadeiramente grotesco).
As últimas pesquisas de opinião divulgadas nesta semana foram demolidoras para o candidato do PRTB. Nelas, restou claro e evidente que: 1) Marçal atingiu um teto – incapaz de levá-lo ao segundo turno; 2) Sua rejeição disparou – sobretudo após o debate da TV Cultura; 3) A tendência é de queda nas próximas pesquisas de intenção de votos.
Apenas e tão somente por isso, que o ex-tigrão, agora tchutchuca, postou-se cordato no debate promovido pelo SBT, nesta sexta-feira, 20, ainda que um e outro escorregão tenham lhe despido a fantasia de bom moço. Marçal – eu aposto! -, tão logo perceba que a tática não funcionou, ativará o modo PCC outra vez e voltará a emporcalhar as eleições.
Cruzou o Rubicão
O interessante, neste processo, foi perceber que, ainda que timidamente, ou mesmo sem qualquer indício de que se trate de uma tendência, o eleitor parece ter um limite para baixaria e violência, ou seja, há uma linha que não pode ser cruzada, mas que foi por Pablo Marçal. Se de fato minha tese estiver correta, será um ótimo sinal.
Não se combate as mazelas da democracia com violência, autocracia, disrupção. Outro dia, li algo interessante: “a democracia é a forma mais branda de ditadura”. É verdade. Na democracia temos várias pequenas ditaduras: do judiciário, da imprensa, da opinião pública. Como disse Churchill: “É a pior forma de governo exceto todas as outras”.
Espero que a cadeirada de Datena no crânio de Marçal, de prático, ao menos acenda o sinal vermelho – o amarelo já queimou faz tempo – na sociedade brasileira. Chega de violência política e na política. Irresponsáveis e arruaceiros políticos não devem ter lugar em nossa frágil, imperfeita e, sim, irritante democracia. Mesmo fingindo-se tchutchucas arrependidas.
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