Crusoé: Mensagens explosivas
Mais de 20 pessoas morreram em explosões em massa de pagers e walkie talkies do Hezbollah; Israel estaria por trás dos episódios
Centenas de pagers de integrantes do Hezbollah explodiram simultaneamente na tarde de terça-feira, 17 de setembro. Ao menos 12 pessoas morreram e 2.800 ficaram feridas no Líbano e na Síria. Dentre os atingidos, o embaixador do Irã em Beirute foi ferido. Um representante do grupo terrorista descreveu o episódio como “a maior falha de segurança”. Ele se precipitou. No dia seguinte, houve novas explosões. Desta vez, em walkie-talkies. Mais 14 pessoas morreram e outras 450 ficaram feridas. O Hezbollah e o governo do Líbano, formado por uma coalizão que inclui a ala política do grupo terrorista, acusaram Israel pelos episódios.
Nenhuma autoridade israelense reivindicou os ataques. Tampouco houve quem negasse as acusações dos libaneses. Israel tradicionalmente não comenta operações de inteligência fora de seu território.
Fontes anônimas do governo dos Estados Unidos afirmaram ao jornal The New York Times que, ao menos, o caso dos pagers se tratou de uma operação israelense. O serviço de inteligência teria implantado material explosivo de 30 a 60 gramas colado à bateria dos pagers. A detonação teria sido remota. “Às 15h30 no Líbano, os pagers receberam uma mensagem que parecia vir da liderança do Hezbollah, disseram duas autoridades. Em vez disso, a mensagem ativou os explosivos”, reportou o Times. Os dispositivos faziam parte de um lote de mil unidades importado pelo Hezbollah havia cinco meses. Segundo o Times, foi uma empresa de fachada montada pelo serviço secreto israelense que vendeu os pagers ao Hezbollah.
Israel tem um longo histórico de operações semelhantes há mais de meio século. O Mossad, o serviço de inteligência que opera no exterior, eliminou uma liderança da Autoridade Palestina com um celular com explosivo em Paris, na França, em dezembro de 1972. A operação foi uma retaliação pelo atentado de um grupo terrorista palestino que resultou nas mortas de 11 atletas israelenses dois meses antes, nas Olímpiadas de Munique. Mais recentemente, em julho, as Forças de Defesa de Israel (FDI) reivindicaram a eliminação do então mais alto comandante do Hezbollah, Fuad Shukr. Ele foi morto em um bombardeio após ser localizado ao usar o próprio celular. O caso aumentou ainda mais o receio entre os terroristas de usar telefones celulares, o que elevou a adesão de pagers e walkie-talkies.
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