O ditador venezuelano Nicolás Maduro suspendeu o X na Venezuela no início de agosto. Ele estava irritado com a divulgação de denúncias e de evidências de fraude eleitoral. Após o fim do prazo, o bloqueio continuou em vigor, sem maiores explicações.

O que aconteceu em seguida foi que os venezuelanos seguiram na rede, usando subterfúgios tecnológicos, como o VPN. Empresas que fornecem esse serviço chegaram até a oferecê-lo gratuitamente, em um gesto de solidariedade.

Quem saiu da rede foram os bots chavistas, que faziam propaganda do regime e poluíam o ambiente de discussão no X com desinformação e agressões.

Uma pesquisa feita pela ONG Probox mostrou que, entre 9 de agosto (o dia da proibição) e 1º de setembro, membros da sociedade civil que questionavam os resultados oficiais da eleição foram responsáveis por 70% das mensagens no X.

Antes do bloqueio, as contas chavistas respondiam por 90% das mensagens.

Crusoé conversou com Carlos Correa, da ONG Espaço Público, especializada em liberdade de expressão e de informação, para entender o fenômeno.

Eis a entrevista:

Como os venezuelanos seguem acessando o X?
Na Venezuela, a única maneira de interagir nessa rede é por meio de um VPN. Isso porque os provedores, em geral, acatam de maneira imediata e simultânea todas as ordens de bloqueio dadas pela Conatel, a Comissão Nacional de Telecomunicações. É a Conatel que concede a licença para que os provedores possam operar.

Como o X funciona na Venezuela?
O X não tem escritório na Venezuela, mas a rede tem cerca de 1,9 milhão de usuários. É uma rede muito ativa em questões de interesse público. Fala-se muito no X sobre política, com muita informação. Os principais usuários são líderes sociais, políticos, jornalistas, setores que têm enorme influência em diferentes esferas da sociedade. A rede, então, continua sendo usada de maneira muito intensa.

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