O triplo twist carpado de machismo de Janja
É o marketing do "todEs" em ação: muito bom em cancelar os outros, mas na hora de defender quem realmente precisa, nem mexem um dedo
Em um único vídeo, nossa primeira-dama, Janja, conseguiu o triplo twist carpado do machismo: primeiro, ao endossar um regime onde a mulher não tem direitos e o homem pode ter várias esposas; depois, ao se calar sobre o financiamento de um grupo terrorista que usa estupro como arma de guerra; e, finalmente, ao ignorar o caso Silvio Almeida. Nenhuma palavra sobre isso, nenhum posicionamento. Silêncio eloquente.
Vamos começar pelo antissemitismo infantil dessa ala da esquerda que se diz progressista, o pessoal do “todEs”, da qual Janja faz parte. Essa é a turma do woke, do identitarismo, onde, quando entram por uma porta, os direitos das minorias saem pela janela.
A visita de Janja ao Catar, um país onde as mulheres não têm direitos, exemplifica isso. Ela foi para lá convidada pela terceira esposa de um líder que só fala quando e porque ele permite, enquanto veste as roupas que é obrigada a usar. E nossa primeira-dama? Achou tudo tranquilo, beleza, porque o antissemitismo está ali, mascarado de anti-imperialismo. Para eles, o verdadeiro vilão do mundo é sempre o imperialista americano ou o homem branco opressor. O Irã, a China? Esses são “gente boa”.
E o Hamas?
E aí vem o segundo ponto: como uma primeira-dama que se diz feminista cala diante do uso de estupro como arma de guerra pelo Hamas? Sim, o mesmo grupo que sequestrou e violentou mulheres e crianças, usando o corpo delas como um campo de batalha. As perícias mostraram corpos de mulheres sequestradas com DNA de dezenas de homens. E Janja? Calou. Está no Catar, país que abriga os líderes do Hamas, e nenhuma palavra sobre as vítimas. O silêncio ensurdecedor da nossa primeira-dama diz muito sobre as prioridades dela.
Por fim, chegamos ao silêncio de Janja sobre o caso de Anielle Franco. Não é ela a feminista empoderada que vai defender todas as mulheres? Pois bem, Anielle Franco relatou um caso de importunação sexual de um ministro do governo, e, apesar disso, o orçamento da sua pasta continuou subordinado ao mesmo ministro. Nem Janja, nem Lula fizeram nada. Nenhuma ação, nenhuma palavra. Para quem se diz defensor das mulheres, é no mínimo revoltante.
E não é só sobre política, é pessoal. Eu vivi algo semelhante quando denunciei assédio sexual em uma empresa e o assediador foi colocado para cuidar dos detalhes da minha rescisão contratual. É o cúmulo do desrespeito e é exatamente isso que está acontecendo agora. O governo que defende as mulheres, que se posiciona como o bastião do feminismo, não fez nada quando foi necessário.
O marketing do “todEs”
Esse triplo twist carpado de machismo disfarçado de feminismo já deu. É o marketing do “todEs” em ação: muito bom em cancelar os outros, mas na hora de defender quem realmente precisa, nem mexem um dedo. O silêncio de Janja é mais do que uma omissão, é um reflexo de uma postura que se diz feminista mas, na prática, deixa muito a desejar. Já chega de todEs. É hora de expor o que realmente está acontecendo: a defesa seletiva de direitos, onde quem precisa de apoio fica abandonado, até mesmo quando são amigos. O problema não é o que fala, é quem fala. O problema não é o que se faz, é quem faz.
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