A cada novo ataque contra Alexandre de Moraes e a cada nova manifestação política contra Lula, Elon Musk acaba fornecendo propaganda negativa em seu desfavor, para quem apoia ou tende a apoiar o bloqueio do X no Brasil.

Ao deixar a esfera jurídica e se meter na política brasileira, o empresário reforça a tese de que age exclusivamente por seus interesses comerciais e ideologias políticas, justificando, por isso, a medida arbitrária de Xandão.

Para piorar, Musk tem usado o caso brasileiro para turbinar sua campanha a favor de Donald Trump, sugerindo que uma vitória de Kamala Harris colocaria os Estados Unidos em situação de risco semelhante à do Brasil.

Terra Brasilis

No plano interno, o outrora “de joelhos” para o STF, Flávio Bolsonaro, agora retoma o discurso valentão e conclama o povo a lutar pela democracia em 7 de setembro, e pedir o impeachment de Alexandre de Moraes.

Outros bolsonaristas, como o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), atuam no mesmo sentido, lembrando que boa parte dessa turma, especialmente o próprio ex-presidente Jair Bolsonaro, andava caladinho, caladinho ultimamente.

A despeito das questões jurídicas, o bloqueio do X deveria ser encarado como assunto apartidário e de interesse nacional, independentemente de questões políticas e ideológicas, já que afeta indiscriminadamente todos os brasileiros.

Dividir para conquistar

Quando  personalidades, ou grupos, à esquerda e à direita apropriam-se da causa – qualquer causa – a tendência é de racha, e não de união, o que só serve para enfraquecer o mais fraco (a sociedade) e empoderar o mais forte (o Judiciário).

Se aprendemos algo com as manifestações históricas de 2013 (não são os 20 centavos, lembram-se?) – além de que violência gera mais violência -, é que a verdadeira força popular surge organicamente, e não sob lideranças políticas.

Se o falso patriotismo (ou soberania) e o falso discurso pela liberdade (ou democracia), utilizados pelos populistas de plantão, ficassem de fora das manifestações – o que jamais ocorrerá, infelizmente – mais pessoas teriam motivos para, juntas, lutar por seus direitos, e não por políticos de estimação.