Ao afirmar a líderes partidários que não iria interferir na disputa pela presidência da Câmara, o presidente Lula jogou um balde de água fria em pelo menos duas candidaturas à sucessão de Arthur Lira (PP-AL).

Segundo integrantes da Câmara ouvidos por O Antagonista, tanto o líder do PSD, Antonio Brito (BA), quanto o líder do Republicanos, Marcos Pereira (SP), esperavam gestos mais claros do petista nas eleições internas para a Presidência da Câmara.

Além disso, as lideranças partidárias também enxergaram no silêncio de Lula um gesto a favor de Elmar Nascimento – deputado que comanda a bancada do União Brasil e é tido como o eventual indicado de Lira para sucedê-lo na cadeira mais importante do parlamento. A expectativa é que Lira faça seu anúncio até esta sexta-feira, 30.

O raciocínio dos parlamentares é simples. Ao não trabalhar oficialmente por Brito ou Pereira, Lula deu o seguinte comando à bancada do PT na Câmara: endossem a candidatura patrocinada por Lira.

Apesar de ser o candidato do Lira – embora ainda não oficialmente –, o nome de Elmar Nascimento ainda sofre resistência entre os deputados. Principalmente os do Centrão e de uma ala da esquerda: leia-se setores do PT, do PSB e do PDT.

Candidato do PSD diz que não depende de Lira

Como mostramos nesta terça-feira, 27, a postura mais independente do deputado Antonio Brito – líder do PSD na Câmara – adotada durante a reunião com o presidente Lula e líderes na tarde de segunda-feira, 27, segundo alguns líderes partidários, diminuiu as chances de ele ser escolhido por Arthur Lira (PP-AL) para sucedê-lo no comando da Presidência da Câmara.

Aos colegas parlamentares, Brito afirmou que respeita o atual presidente, mas que será candidato independentemente do seu apoio, destacando que a decisão final será dos deputados.

O problema, na visão de líderes partidários alinhados a Arthur Lira, é que nenhuma candidatura seria 100% competitiva sem o apoio do deputado alagoano. Nas contas de alguns integrantes do Centrão, Lira tem uma bancada de pelo menos 150 deputados.

Brito também tinha a expectativa de atrair o apoio do governo Lula, porém, após a fala do presidente Lula de que não irá interferir na sucessão para a presidência da Câmara, essa expectativa foi frustrada.