Ministros de Lula em campanha, e quem paga é a União
Pelo menos cinco ministros intensificaram suas viagens de retorno a seus estados em ano de eleições
Os ministros Rui Costa, da Casa Civil, Alexandre Padilha, das Relações Institucionais, Camilo Santana, da Educação, André de Paula, da Pesca e Aquicultura, e Carlos Lupi, da Previdência Social, têm presença muito mais contante em seus redutos eleitorais em 2024, ano de eleições municipais, do que em 2023.
Segundo levantamento realizado pelo Estadão, com base em dados do Painel de Viagens, o número de viagens de retorno para casa pagas pela União é maior em oito meses do ano vigente do que em todo o ano anterior.
Os ministros Celso Sabino, do Turismo, André Fufuca, do Esporte, e Silvio Costa Filho, de Portos e Aeroportos, também têm priorizado seus próprios estados, embora tenham sido nomeados no segundo semestre do ano passado e estejam menos tempo no governo.
Camilo Santana, o campeão de viagens
Camilo Santana foi o ministro que mais viajou em 2024, com 55 deslocamentos contra 46 em 2023. Seu estado, o Ceará, foi o principal destino do ministro da Educação de Lula, com 24 dessas viagens.
No estado, ele dedicou agendas a anúncios do governo federal em Fortaleza, onde tenta eleger o deputado estadual Evandro Leitão (PT), seu aliado político.
Ao jornal, a assessoria de Camilo Santana afirmou que ele participou de 51 agendas públicas em todo o país em 2024, sendo oito no estado do Ceará.
“Os demais deslocamentos para o Ceará refletem apenas seu deslocamento semanal para o estado de origem, onde reside sua família.”
Padilha e Carlos Lupi
Com foco em agendas de governo, os ministros Alexandre Padilha (PT) e Carlos Lupi (PDT) também intensificaram as viagens para seus respectivos redutos eleitorais este ano.
Como reportou o jornal, Padilha fez uma viagem oficial para São Paulo entre 19 e 22 de julho e aproveitou sua presença no estado para participar da convenção de Guilherme Boulos (PSOL) na capital paulista, realizada em 20 de julho.
A assessoria do ministro informou que ele cumpriu compromissos institucionais em São Paulo e que ele permaneceu na capital paulista, onde mora, durante o fim de semana, sem compromissos institucionais.
“Na segunda-feira, o ministro retornou a Brasília em voo de carreira, conforme previsto na Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2024”, afirmou.
Lupi, por sua vez, fez 27 viagens em 2024, das quais 16 foram para o Rio de Janeiro.
Em viagem classificada como “a serviço” entre 7 e 11 de junho, ele participou, em 10 de junho, da oficialização da deputada estadual Martha Rocha como pré-candidata a vice-prefeita na chapa de Eduardo Paes (PSD), que acabou escolhendo Eduardo Cavaliere (PSD) como vice.
Na agenda oficial do ministro, registrou o jornal, não constam compromissos oficiais no período da viagem ao Rio.
Rui Costa
Dados do Painel de Viagens mostram que o ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT), fez 43 viagens em 2024, mais que o dobro de 2023.
A Bahia, estado que governo entre 2015 e 2022, foi o destino de 27 delas.
A Casa Civil não detalhou no Painel de Viagens os deslocamentos de Rui Costa em julho.
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André de Paula
O ministro André de Paula, da Pesca, também aproveitou viagens que fez a Pernambuco para comparecer a convenções partidárias.
Como mostrou o jornal, ele compareceu a pelo menos quatro eventos do PSD em seu estado entre 1° e 6 de agosto.
A assessoria de André de Paula afirmou que todos os deslocamentos foram amparados pela Lei de Diretrizes Orçamentárias, alegando que “as agendas políticas foram realizadas após o cumprimento de sua agenda como ministro”.
Viagens com base na Lei Orçamentária
A maioria dos ministros alegou que a compra de passagens de retorno à residência foi autorizada pela Lei Orçamentária Anual de 2024.
A lei define que diárias e passagens só serão concedidas “no estrito interesse do serviço público” a servidores ou membros dos Poderes Executivo, Legislativo, Judiciário, Ministério Público da União e Defensoria Pública da União.
Os ministros, no entanto, se aproveitam do argumento para conciliar interesses políticos em seus redutos eleitorais e impulsionar as campanhas de aliados.
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