Crusoé: Guerra nas redes
Clã Bolsonaro decide escantear Pablo Marçal e, dessa vez, seus interesses coincidem com o de Valdemar Costa Neto em São Paulo
Pablo Marçal (PRTB), não há como negar, encheu as eleições paulistanas de eletricidade. Seu estilo agressivo deixou adversários como o prefeito Ricardo Nunes (MDB) e o ativista Guilherme Boulos (Psol) sem saber como reagir, a ponto de cancelarem a presença em debates ao seu lado. Usando vídeos curtos com grande habilidade nas redes sociais, ele conseguiu dar uma arrancada nas intenções de voto. Segundo a pesquisa Datafolha divulgada nesta quinta-feira, 22, ele agora está embolado justamente com Boulos e Nunes, que antes lideravam com folga: o primeiro aparece com 23%, Marçal com 21% e o emedebista, com 19% das intenções de voto. Mas há dois fatores que podem bloquear a ascensão do “ex-coach”. Na Justiça Eleitoral, denúncias de abuso de poder econômico podem acabar impugnando sua candidatura. O segundo fator é mais curioso: a família Bolsonaro declarou guerra a ele.
Até o final da semana passada, a situação era ambígua. Jair Bolsonaro se deixava cortejar tanto por Nunes quanto por Marçal. A aproximação com o prefeito de São Paulo deveu-se às articulações de Valdemar Costa Neto, chefão do PL, o partido que abriga o “capitão”. Bolsonaro resistiu o quanto pode a fazer a aliança e só cedeu quando conseguiu emplacar como vice na chapa um nome de sua confiança – o policial militar da reserva Ricardo de Mello Araújo. Mesmo assim, deixava claro que Nunes não era o seu “candidato dos sonhos”. Marçal, por outro lado, repetia palavras de ordem do bolsonarismo (Deus, família, abaixo o comunismo etc.) e cortejava o próprio Bolsonaro, recebendo em troca alguns elogios mornos e esporádicos.
A situação começou a azedar na sexta-feira, 16. Nesse dia, Carlos Bolsonaro reclamou em suas redes sociais de uma entrevista em que Marçal atribui a ele boa parte da responsabilidade pela derrota de Jair Bolsonaro nas eleições de 2022. O filho 02 já vinha se sentindo incomodado com o assédio de Marçal ao pai fazia algum tempo.
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