Em um evento que chamou a atenção da mídia e das autoridades internacionais, um sargento norte-coreano cruzou a fronteira fortemente armada que divide a península coreana. Essa travessia perigosa aconteceu na manhã de terça-feira (20) e marca a segunda deserção significativa para a Coreia do Sul em menos de duas semanas.

Citando oficiais de defesa, a Yonhap News informou que o soldado estava vestido com uniforme militar quando fez a travessia pela fronteira oriental. A ação corajosa do militar levanta novamente o debate sobre as condições de vida sob o regime de Kim Jong Un e os riscos enfrentados pelos desertores.

O Crescimento das Deserções Norte-Coreanas

A Coreia do Sul retomou recentemente as transmissões em alto-falantes ao longo da fronteira, uma medida que tinha sido suspensa anteriormente. Essas transmissões incluem notícias sobre o regime de Kim Jong Un, além de música K-pop e outras informações. Desde o reinício dessas transmissões, já ocorreram duas deserções, destacando uma possível conexão entre as ações sul-coreanas e o aumento no número de desertores.

Por Que os Soldados Norte-Coreanos Desertam?

Desertar pela Zona Desmilitarizada da Coreia do Norte é uma tarefa repleta de perigos. Quem decide fazer essa travessia arrisca a vida ao ter que desviar de campos minados e evitar ser atingido por disparos de soldados norte-coreanos. Além disso, a mídia estatal norte-coreana não mede esforços para desacreditar os desertores, chamando-os de “escória humana”.

Desde o final de maio, as tensões na península aumentaram consideravelmente. O envio de balões com lixo pela Coreia do Norte em resposta aos voos de vigilância sul-coreanos resultou na suspensão de um acordo de 2018 que visava a redução das tensões militares entre os dois países.

Como as Transmissões Sul-Coreanas Influenciam?

As transmissões sul-coreanas desempenham um papel crucial ao fornecer informações que são inacessíveis dentro da Coreia do Norte. Além das notícias, a música K-pop e outras informações sobre a vida na Coreia do Sul oferecem uma visão alternativa à propaganda estatal, influenciando muitas vezes a decisão de desertar.

O Risco da Deserção

A travessia pela Zona Desmilitarizada é um ato extremamente perigoso, mas para muitos norte-coreanos, vale o risco. Além dos campos minados, as tropas norte-coreanas têm intensificado suas atividades dentro dessa zona, plantando mais minas, montando barreiras antitanque e consertando estradas.

Estatísticas e Casos Notáveis

A maioria dos norte-coreanos que deserta utiliza rotas indiretas, como primeiro cruzar para a China antes de buscar refúgio em um terceiro país. Contudo, houve casos notáveis, como o de um diplomata norte-coreano sênior em Cuba que desertou para a Coreia do Sul.

A queda no número de desertores pode ser atribuída ao controle mais rígido nas fronteiras pela China e pela Coreia do Norte, além do isolamento imposto durante a pandemia de Covid-19.

O Futuro das Relações Entre as Coreias

As recentes deserções e o aumento das tensões militares na península coreana levantam preocupações sobre o futuro das relações entre as duas Coreias. Com transmissões que desafiam a propaganda norte-coreana e ações militares contínuas, resta saber como essas dinâmicas evoluirão nos próximos meses.