PCC Futebol Clube?
O Ministério Público de São Paulo apura se a facção criminosa está utilizando empresas que cuidam da carreira de jogadores de futebol para lavar dinheiro
O Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público de São Paulo, apura se o Primeiro Comando da Capital (PCC) está utilizando empresas que cuidam da carreira de jogadores de futebol para lavar dinheiro.
Segundo o Estadão, o Ministério Público Estadual (MPE) possui mensagens, contratos e delações que acusam os empresários Danilo Lima de Oliveira, o Tripa, com participações na Lion Soccer Sports e na UJ Football Talent, e Rafael Maeda Pires, o Japa do PCC, que teria participado das decisões da FFP Agency Ltda até 2023, quando foi assassinado.
Os jogadores Emerson Royal (Milan), Eder Militão (Real Madrid), Du Queiroz (ex-Corinthians e agora no Grêmio), Guilherme Biro (Corinthians) e Murillo (também ex-Corinthians e hoje no Nottingham Forest) foram citados nas investigações do MPE como clientes ou ex-clientes das empresas investigadas.
No centro das investigações está o empresário Antônio Vinícius Lopes Gritzbach, que fez um acordo delação premiada com o Ministério Público. Ele acusado de ter dado um desfalque de 100 milhões de reais em bitcoins nas finanças do PCC.
Um dos anexos da delação, homologada pela Justiça em abril de 2024, é chamado de PCC Futebol Clube.
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As acusações
Em depoimento, Gritzbach acusou Danilo Lima de Oliveira, da Lion Soccer Sports, de colocar parte de seus jogadores na UJ Football Talent, já que a agência “não teria lastro financeiro” e se enquadria no Simples.
O principal cliente da UJ Football é o zagueiro Éder Militão, revelado no São Paulo.
Gritzbach também entregou ao Ministério Público cópias de conversas de WhatsApp do empresário Felipe D’Emílio Paiva, sócio da FFP Agency Ltda, com Rafael Maeda Pires, encontrado morto na garagem de um prédio em São Paulo.
Nas conversas em que Maeda e Felipe discutem a contratação de jogadores e a assinatura de contratos, há fotos de jogadores e de montes de dinheiro.
Há também menções sobre a negociação de atletas com Duílio Monteiro Alves, ex-presidente do Corinthians, e com o ex-jogador e ex-técnico do sub-20 do time, Danilo, a quem pediriam referências.
Para comprovar que Maeda tinha conhecimento do cotidiano da FFP, o delator entregou aos investigadores comprovantes de pagamentos feitos pela empresa à Confederação Brasileira de Futebol (CBF).
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Em nota, a UJ Football Talent afirmou ser uma empresa individual, conduzida de maneira unipessoal. A agência também negou que Danilo Lima tenha sido sócio ou tenha participado da empresa.
“A empresa opera e sempre operou de forma transparente e ética, seguindo todas as normas legais e regulamentares. Desconhecemos, portanto, qualquer tipo de relação com quaisquer das pessoas mencionadas na investigação.”
Os empresários e o PCC
Danilo Lima e Rafael Maeda são suspeitos de lavar dinheiro do tráfico de drogas para Anselmo Bechelli Santa Fausta, o Cara Preta ou Magrelo, um dos maiores traficantes do PCC.
Gritzbach disse ao MP-SP que Lima e Maeda o sequestraram e o levaram a um tribunal do crime em função do assassinato de Cara Preta, em 27 de dezembro de 2021. Ele, no entanto, foi solto, com o compromisso de devolver o dinheiro das bitcoins.
Após ser libertado pelo PCC, Gritzbach foi preso pela polícia de São Paulo.
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