É possível deter Pablo Marçal?
A ausência de três dos seis principais candidatos à prefeitura de São Paulo em debate mostra uma guinada nas eleições
A ausência de três (Guilherme Boulos – PSOL; Ricardo Nunes – MDB e José Luiz Datena – PSDB) dos seis principais candidatos à prefeitura de São Paulo durante o debate da revista Veja, nesta segunda-feira, 19, mostra uma guinada coordenada das três campanhas contra a metralhadora giratória chamada Pablo Marçal.
Mas a pergunta que fica após o episódio é muito simples: é possível deter Pablo Marçal?
Sim e não. Mas isso dependerá do jogo que Boulos, Nunes e Datena estejam dispostos a jogar.
Durante o debate sem esses três, Marçal voltou a criticá-los. Disse que o problema da sociedade é “a falta de homens”. Depois, ele disparou sua metralhadora ao afirmar que Boulos “desceu do play”, que Nunes “não suporta a hora do arrocho” e que Datena não sabe o que está fazendo.
Boulos, Nunes e Datena imaginavam que sairiam incólumes aos ataques de Marçal. Erraram. Erraram feio. No mundo dos cortes, Marçal conseguiu os deles; Boulos, Nunes e Datena perderam uma boa oportunidade de fazê-los.
Tabata dá indicativos do antídoto contra Pablo Marçal?
Tabata Amaral (PSB), do outro lado, deu bons indicativos de como explorar os pontos fracos de Marçal. No primeiro debate, ela questionou o influenciador digital sobre uma operação urbana em São Paulo, ele ficou calado; neste da revista Veja, Marçal ficou novamente calado ao ser questionado sobre insegurança alimentar, entre outras sobre políticas públicas.
A questão é simples: Pablo Marçal usa como estratégia uma linguagem extremamente violenta, fruto desses tempos de redes sociais. Contra isso, não há vacina dentro das quatro linhas da política tradicional. E eis o dilema de Boulos, Nunes e Datena.
Para deter Marçal, eles precisarão descer ao submundo de uma campanha suja e abaixo da linha de cintura ou encurralar Marçal em suas próprias contradições. A questão que fica é: Boulos, Nunes e Datena estão dispostos a fazer isso e terão condições de operar um plano nesse sentido, sendo que cada um tem lá as suas contradições?
Difícil. O fato é que o jeito Pablo Marçal de fazer política não é uma novidade. E, infelizmente, tende a ser uma máxima nos próximos anos. E quem sai mais prejudicado com isso é a população, com o esvaziamento e o empobrecimento do debate eleitoral.
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