O Prerrogativas, grupo formado por cerca de 250 advogados de esquerda e anti-Lava Jato, tem ocupado cada vez mais espaço no governo Lula, como mostrou Crusoé na matéria “As boquinhas pós-Lava Jato”, publicada em 14 de março. Um novo levantamento realizado por O Estado de S.Paulo mostrou que o grupo liderado pelo advogado Marco Aurélio de Carvalho, de quem o petista é amigo, já tem pelo menos 15 nomes ligados ao alto escalão nos Poderes Executivo e Judiciário.

Na Esplanada dos Ministérios, o grupo tem ligação com os ministros Jorge Messias, da Advocacia-Geral da União; Vinícius Marques de Carvalho, da Controladoria-Geral da União; Anielle Franco, da Igualdade Racial; Paulo Teixeira, do Desenvolvimento Agrário; Silvio Almeida, dos Direitos Humanos; e Fernando Haddad, da Fazenda.

O Prerrogativas também emplacou quatro nomes —Manoel Carlos de Almeida Neto (secretário-executivo), Angelita da Rosa (secretária-executiva adjunta), Jean Uema (secretário nacional de Justiça) e Sheila de Carvalho (secretária nacional de Acesso à Justiça)– no Ministério da Justiça e Segurança Pública, de Ricardo Lewandowski, e dois —Guilherme Mello (secretário de Política Econômica) e Laio Correia Morais (chefe de gabinete)– no Ministério da Fazenda, de Haddad.

Cotado para assumir a presidência do Banco Central, o diretor de Política Monetária da autoridade monetária, Gabriel Galípolo, também é ligado ao grupo.

Prerrogativas no Judiciário

Em um ano e oito meses de seu terceiro governo, Lula indicou três representantes do Prerrogativas em instâncias superiores do Poder Judiciário. São eles: Vera Lúcia Araújo, ministra substituta no Tribunal Superior Eleitoral; Antônio Fabrício Gonçalves, ministro do Tribunal Superior do Trabalho; e Daniela Teixeira, ministra do Superior Tribunal de Justiça.

Em 2 de agosto, o petista nomeou a advogada Gabriela Shizue Soares de Araújo, coordenadora-adjunta do Prerrogativas, para o cargo de desembargadora no Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF-3), em São Paulo. Doutora em direito constitucional, ela também é esposa de Emídio de Souza (PT-SP), deputado estadual e ex-prefeito de Osasco, e amiga pessoal da primeira-dama Janja.

Desapontamentos

Apesar das indicações realizadas pelo chefe do Palácio do Planalto, integrantes do Prerrogativas ficaram desapontados com o petista em função de duas indicações não realizadas, informou o Estadão.

A primeira foi a não escolha de Marco Aurélio de Carvalho para a Secretaria-Geral da Presidência. Em seu lugar, Lula preferiu Márcio Macêdo.

A segunda é a não indicação de Jorge Messias para o Supremo Tribunal Federal. Para o posto, o petista preferiu indicar o ex-ministro da Justiça Flávio Dino.

“É natural que os advogados queiram participar do processo de escolha. Mas a decisão sempre cabe única e exclusivamente ao presidente Lula para quaisquer indicações. O presidente segue tendo a nossa lealdade e confiança, e seguirá tendo o nosso apoio”, disse Marco Aurélio de Carvalho ao jornal.