No intrigante cenário da sucessão no Grupo Silvio Santos e no SBT, muitas perguntas surgiram sobre o destino das empresas após a morte do apresentador. No sábado, 17 de fevereiro de 2024, Silvio Santos faleceu aos 93 anos devido a uma broncopneumonia causada pela influenza (H1N1). Durante anos, ele liderou suas empresas com um estilo centralizador, deixando um ar de mistério sobre quem tomaria o controle.

A preparação para a sucessão começou a ganhar força em 2016, em meio a uma das maiores crises do SBT. A emissora, que fatura cerca de R$ 1,1 bilhão, viu seu lucro líquido despencar de R$ 76,1 milhões em 2015 para apenas R$ 6,6 milhões em 2016. Para reverter a situação, o Grupo Silvio Santos contratou a consultoria americana McKinsey, conhecida por sua expertise em reestruturação de negócios.

Quem são as filhas que assumirão o Grupo Silvio Santos?

A sucessão de Silvio Santos privilegia duas das seis filhas do apresentador: a caçula Renata Abravanel, de 36 anos, e Daniela Abravanel Beyruti, de 45. Renata vinha sendo preparada para a presidência desde 2010, em um cenário marcado por desafios financeiros significativos, como o rombo de R$ 4 bilhões no Banco Panamericano, então parte do grupo, causado por fraudes.

Renata assumiu as rédeas do negócio em agosto de 2020, substituindo Guilherme Stoliar, sobrinho de Silvio Santos, que deixou o cargo após 49 anos no grupo. Formada em Administração de Empresas pela Liberty University, nos Estados Unidos, Renata é uma das figuras mais discretas entre as irmãs e tem sob seu comando a emissora SBT, além de outras empresas do grupo.

Quais são as estratégias da nova direção do SBT?

A nova direção do SBT, sob a liderança de José Roberto Maciel, tem adotado estratégias ousadas, como a aposta em transmissões de futebol. Maciel, presidente da emissora há quase uma década, contratou diretores comerciais vindos da Globosat, que foram responsáveis por introduzir conteúdos esportivos que elevaram os índices de audiência. Além disso, a emissora investiu em conteúdo online, lançando o site SBT News.

Na direção, Maciel conta com o apoio de Daniela Abravanel Beyruti, diretora executiva do SBT, que tem influenciado a programação do canal com aquisições estratégicas e formato diversificado de programas, como “10 years younger” e “Esquadrão da Moda”. Daniela também é formada pela Liberty University e trabalha na emissora desde 2010.

O que acontecerá com as outras empresas do Grupo Silvio Santos?

O SBT não é a única preocupação do grupo. Entre as outras empresas estão afiliadas do SBT, o hotel Jequitimar, a marca de cosméticos Jequiti, a Liderança Capitalização, a Sisan Empreendimentos e a SS Participações. É esperado que algumas dessas empresas possam ser vendidas ou reestruturadas nos próximos anos.

Uma grande aposta é que a Jequiti Cosméticos, a segunda maior empresa do Grupo, possa ser vendida. Em 2023, a Jequiti teve uma receita de aproximadamente R$ 3 bilhões e lucros de R$ 248 milhões. Fontes de mercado esperam que a marca siga o mesmo caminho do Baú da Felicidade, vendido ao Magazine Luiza em 2011.

E na tela, quem substitui Silvio Santos?

Quanto à continuidade dos programas de televisão sob a batuta familiar, Patrícia Abravanel, a quarta filha de Silvio Santos, já apresenta o Programa Silvio Santos no SBT. Patrícia, Rebeca e Silvia também se aventuraram como apresentadoras, enquanto Cíntia cuida do Teatro Imprensa.

Patrícia é uma figura conhecida tanto na TV quanto nas redes sociais, onde se destaca como “influencer”. Casada com o ex-ministro das Comunicações Fábio Faria, ela tem procurado manter o legado do pai na televisão.

O futuro do Grupo Silvio Santos e do SBT, assim como a transição de poder pós-Silvio, é um interessante capítulo a ser observado com a gestão das filhas do apresentador. As estratégias para manter a relevância e sustentabilidade do grupo certamente lançam um olhar para frente, mantendo viva a tradição de um dos maiores ícones da televisão brasileira.