Alexandre Soares na Crusoé: Viva os boçais
Os ataques terroristas. Os ataques institucionais. Os ataques de dancinhas inexplicáveis valendo medalha nos Jogos Olímpicos de Paris
Os protestos que aconteceram agora na virada do mês na Inglaterra, depois que três crianças morreram esfaqueadas na rua, foram chamados de “badernas da extrema-direita” pela Wikipédia. “Ataques racistas”, diz o verbete que estou lendo aqui, se referindo não ao ataque às três crianças mas aos protestos que aconteceram por causa deles; “sentimentos islamofóbicos, racistas, anti-imigrantes, alimentados por desinformações…” — e por aí vai.
Os jornais e os políticos ingleses estão agindo da seguinte forma. É como se um médico um pouco boçal, com um jeito de falar um tanto brusco e desagradável, o examinasse e dissesse que você tem, digamos, lepra.
Sua pele está de fato insensível, formando cascas estranhas. Mas como você não gosta do jeito do médico, você ri e desdenha do diagnóstico. Daí você tenta mostrar o dedo do meio para o médico, e de repente o dedo cai no chão. Você pega o dedo no tapete, enfia de volta no osso e tenta mostrar de novo o dedo do meio para o médico, mas, que desgraça, o dedo cai de novo no chão; você pega e tenta botar de volta, ele cai de novo etc.
Os jornais e os políticos ingleses, e as pessoas assim-chamadas moderadas, estão mostrando o dedo do meio para metade da população inglesa, desde pelo menos Enoch Powell, um político inglês que advertiu em 1968 que ainda haveria “rios de sangue” na Inglaterra por causa da imigração descontrolada.
Essa metade da população inglesa que protestou agora contra a imigração em massa é talvez (realmente) um pouco boçal, um pouco desagradável. Em todas as sociedades, em todas as circunstâncias, as primeiras pessoas a notarem e a comentarem que têm alguma coisa errada acontecendo geralmente são mesmo boçais e desagradáveis.
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