Uma parlamentar da esquerda holandesa se deu mal ao fazer-se de sonsa sobre o apoio manifestado por professores da agência local da ONU em Gaza ao grupo terrorista Hamas.

Durante audiência de um comitê em Haia, na quinta-feira, 15 de agosto, Sarah Dobbe, do Partido Socialista (SP, na sigla em holandês), antes chamado de Partido Comunista dos Países Baixos / Marxista-Leninista (KPN/ML), disse a Hillel Neuer, da ONG UN Watch, que vigia a ONU, não ter achado “os fatos” nos quais se baseiam suas “acusações sérias” contra funcionários da UNRWA.

“Nosso convidado faz acusações sérias, para as quais eu mesma não achei os fatos. E pergunto… você… essas acusações estão no site, como você diz? Você contata a UNRWA antes de publicar essas acusações? Em outras palavras, você tenta verificar as acusações com a UNRWA antes de divulgá-las?”, questionou ela.

Hillel Neuer, que já deu entrevista à Crusoé, respondeu exibindo uma série de capturas de tela, fotos e documentos, depois montados juntamente à sua fala em edição de vídeo publicada no X, antigo Twitter.

A invertida

“Primeiro, vamos ser claros. Na maioria dos casos, as acusações que divulgamos são publicações de funcionários da UNRWA. Então o relatório Terrorgram de janeiro, que publicamos, são mensagens abertas. Não hackeamos. É um grupo aberto chamado ‘Professores da UNRWA em Gaza’, com milhares de professores da UNRWA membros. Alguns são de tempo integral, outros de meio período. E eles celebravam os ataques de 7 de outubro [de 2023]. Então não fomos nós que divulgamos. Foram eles que publicaram. Nós apenas linkamos algo público.

Ao linkar a página do Facebook de Fathi al-Sharif, chefe do sindicato de professores, não estou divulgando nada. São fotos dele. Este é Fathi al-Sharif, que bom que perguntou. Com uma foto enorme do xeque Hassan Youssef, fundador do Hamas. Há fotos e mais fotos dele celebrando terroristas. Então não somos nós divulgando.

Não precisamos contatar a UNRWA, pois sabemos o que farão. Vou te contar um segredo. Ao ligar pra UNRWA, eles chamarão o Facebook pra apagar a página. A página some em 24 horas. Eles não querem que falemos disso. Não querem que holandeses saibam dos milhares de professores da UNRWA [que apoiam o grupo terrorista]… O chefe do sindicato de professores da UNRWA no Líbano, Fathi al-Sharif, é um grande apoiador do Hamas na página dele! Amanhã, a página será apagada. Claro, fizemos capturas de tela de tudo.

Sei que quer que entreguemos à UNRWA para ser apagado. Mas me deixe dizer, já que perguntou: contatamos a UNRWA e documentamos isso. No nosso relatório de provas submetido à [chefe do “Grupo de Revisão independente” para avaliação da UNRWA, Catherine] Colonna, documentamos todas as vezes que contatamos a UNRWA, pois a ilustre integrante perguntou se o fizemos. Nós contatamos a UNRWA. Em agosto de 2015, contatamos a UNRWA. Sem resposta. Setembro de 2015, sem resposta. Novembro de 2015, 2018, 2021, 2023. Continuamos contatando a UNRWA.

Vou me encontrar com o Sr. [comissário-geral da UNRWA, Philippe] Lazzarini em Genebra. Ele vem em algumas semanas e já esteve lá. Ele se recusa a me encontrar. Encontrarei com ele em Amã. Encontrarei com ele em Jerusalém. Esses são os quartéis deles. Encontrarei com ele em qualquer lugar. Eles se recusam a encontrar.

Então você pergunta por que não nos envolvemos com a UNRWA, mas a verdade é o contrário. Contatamos a UNRWA repetidamente. Então, por favor, convido você a pedir aos seus amigos da UNRWA para se reunirem conosco. Temos centenas de páginas de provas. Se estivermos errados, que nos mostrem como. Obrigado.”

“Não funcionou como eles planejaram”

Hillel Neuer, ao publicar o vídeo do diálogo acima no X, ainda comentou:

“Membros radicais de esquerda do Parlamento holandês, trabalhando em estreita coordenação com a UNRWA, vieram a uma audiência de comitê em Haia para me atacar. Não funcionou como eles planejaram.”

Eu, Felipe, publiquei dez anos atrás, em 28 de julho de 2014, o texto “Por que a esquerda odeia Israel”, no qual já apontava os laços da UNRWA com o Hamas, afirmava que “o esquerdismo cúmplice do terrorismo está representado atualmente na ONU” e listava outros representantes, inclusive no Brasil (adivinhe). De lá para cá, a cumplicidade da esquerda global só aumentou, como mostramos em O Antagonista e Crusoé sobretudo após o massacre de 7 de outubro.

Ela, porém, deu tanto na vista que as reações vêm ganhando cada vez mais corpo. O vídeo de Hillel, por exemplo, atingiu rapidamente mais de 750 mil visualizações na rede social.

Assista: