Vaza Toga: segurança de Moraes também fez pedidos “fora do rito” ao TSE
Até então, eram conhecidos apenas os pedidos do juiz auxiliar Airton Vieira, principal assessor de Moraes no STF
O policial militar Wellington Macedo, lotado no gabinete do ministro Alexandre de Moraes no Supremo Tribunal Federal, fez pedidos “fora do rito” a Eduardo Tagliaferro, ex-chefe da Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação (AEED) do TSE.para levantar dados relacionados à segurança do magistrado e seus familiares, registrou a Folha de S.Paulo.
Até então, eram conhecidas apenas os pedidos do juiz auxiliar Airton Vieira, principal assessor de Moraes no STF.
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Novas conversas de WhatsApp, divulgadas pelo jornal nesta quinta-feira, 15, mostram que Macedo procurava informações sobre o vazamento de dados pessoais e ameaças enviadas para números ligados a Moraes e que, em pelo menos um caso, Tagliaferro levantou dados sob sigilo com um policial civil de São Paulo “de sua extrema confiança”.
O pedido do segurança de Moraes
Em 21 de agosto de 2022, por volta das 14h30, o segurança de Moraes escreveu:
“Desculpe incomodar em pleno domingão. Só para eu poder informar o chefe, vc está trabalhando ainda no dossiê, certo?”
Após Tagliaferro dizer que ainda estava levantando os dados solicitados, o PM reforçou que precisava apenas “atualizar o ministro”.
No mesmo dia, às 21h58, o ex-chefe da AEED encaminhou ao policial o relatório “Ameaça ministro”.
“Informo que realizei pesquisa nos sistemas policiais, e de identificação civil do Estado de São Paulo, bem como consulta aos dados do DETRAN, e foram encontrados todos os dados abertos, sendo possível identificar, nomes, filiações, números de documentos, fotos, endereços, o que levam a identificação do Excelentíssimo Ministro e seus familiares”, diz o documento elaborado por Tagliaferro.
“Também sugiro que os números dos telefones utilizados pelo Excelentíssimo Ministro e seus familiares, sejam colocados em nome de outras pessoas de sua confiança ou sejam anonimizados nas operadoras de telefonia”, acrescentou.
Outras solicitações
Em 23 de agosto de 2022, o segurança de Moraes voltou a solicitar informações a Tagliaferro após a filha do ministro receber ameaças e mensagens com pedido de Pix de 5 mil reais.
“Por favor, poderia levantar quem é?”, disse Macedo. “Consegue fazer aquele padrão de relatório por favor?”
“Assim envio ao Min e ele manda p instaurar inquérito como fez c o anterior”, completou o PM.
Em 31 de agosto, Macedo pediu informações sobre uma pessoa que fez ameaças a Moraes dizendo ser integrante da Al-Qaeda.
“A pedido do Min, por favor, pode levantar e montar um dossiê?”, pediu Macedo.
“Vou dar andamento”, respondeu Tagliaferro.
Em 10 de outubro, Wellington Macedo pediu ao ex-chefe da AEED para verificar a origem de duas encomendas enviadas a esposa de Moraes.
“Enviaram duas encomendas para a esposa do Min e ela não sabe de onde veio”, disse o PM.
“Enviaram para SP?”, perguntou Tagliaferro.
“Chefe pediu p tentarmos levantar. Consegue me ajudar por favor?”, reforçou o PM.
Moraes elogiou Tagliaferro
Em 11 de novembro de 2022, o segurança disse a Tagliaferro que Moraes estava satisfeito com o trabalho.
“Parabéns pelo excelente trabalho”, “Vc tem vida longa c o chefe”.
Fora do rito
Como órgão administrativo, a Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação não possui competência para atuar em investigações ou processos criminais.
Cabe a Secretaria de Segurança do STF cuidar da proteção de ministros. Em caso de ameaças, ela deve solicitar o auxílio da Polícia Federal.
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