Vaza Toga: a sugestão para acobertar a origem dos relatórios
Mensagens trocadas entre assessores de Alexandre de Moraes indicam o uso “fora do rito” do TSE para avançar o inquérito das fake news no STF
Eduardo Tagliaferro, ex-chefe da Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação (AEED) do TSE, chegou a sugerir, em troca de mensagens com Marco Antônio Vargas, juiz auxiliar de Alexandre de Moraes no TSE, a criação de um e-mail para o envio de “denúncias”, como forma de encobrir que um tribunal superior produzia relatórios direcionados contra ativistas e veículos de um grupo político, com base em pedidos informais de outro tribunal superior.
Leia mais: A gravidade da Vaza Toga
“Temos que tomar cuidado com essas coisas saindo pelo TSE. É seu nome”, disse Tagliaferro em 4 de dezembro de 2022, em mensagem revelada pela Folha de S.Paulo. “Nem que crie um e-mail para enviar para nós uma denúncia.”
O Antagonista vem apontando abusos de poder cometidos em nome da defesa da democracia, mas poucas vezes o método de chamar algo ou alguém de golpista para justificar os abusos ficou tão explícito quanto na Vaza Toga.
A Vaza Toga
Mensagens de WhatsApp trocadas entre assessores de Alexandre de Moraes, que indicam o uso “fora do rito” do Tribunal Superior Eleitoral para avançar o inquérito das fake news no Supremo Tribunal Federal.
Segundo a Folha, o setor de combate à desinformação do TSE forneceu material ao gabinete de Moraes no STF.
“As mensagens revelam um fluxo fora do rito envolvendo os dois tribunais, tendo o órgão de combate à desinformação do TSE sido utilizado para investigar e abastecer um inquérito de outro tribunal, o STF, em assuntos relacionados ou não com a eleição daquele ano“, diz o jornal.
As trocas de informação ocorriam pelo aplicativo de mensagens WhatsApp.
De acordo com a reportagem, o “maior volume de mensagens com pedidos informais” envolveu o então chefe da Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação do TSE, Eduardo Tagliaferro, e o “assessor mais próximo de Moraes no STF”, o juiz instrutor Airton Vieira.
“As mensagens mostram que Airton Vieira (STF) pedia informalmente via WhatsApp ao funcionário do TSE relatórios específicos contra aliados de Jair Bolsonaro (PL). Esses documentos eram enviados da Justiça Eleitoral para o inquérito das fake news, no STF.”
O jornal afirma ter acesso a mais de 6 gigabytes de mensagens e arquivos de assessores de Moraes, incluindo Vieira, que é o primeiro auxiliar do gabinete do ministro no Supremo.
Leia mais: Ficou chato, Moraes
Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.
Comentários (0)