Oposição reage a Vaza Toga com anúncio de pedido de impeachment
Supostas mensagens de texto de assessores de Alexandre de Moraes indicam uso “fora do rito” do TSE para avançar o inquérito das fake news
A oposição ao governo Lula no Congresso Nacional reagiu ao escândalo da Vaza Toga, envolvendo o ministro Alexandre de Moraes (foto), na noite desta terça-feira, 13 de agosto.
Reportagem da Folha de S. Paulo apresentou supostas mensagens de texto de assessores de Moraes que indicam o uso “fora do rito” do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para avançar o inquérito das fake news, no Supremo Tribunal Federal (STF).
O Antagonista decidiu batizar o escândalo de “Vaza Toga“.
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A oposição já se mobiliza para apresentar um pedido de impeachment de Moraes.
Em entrevista a um blog, o senador Eduardo Girão (Novo-CE) disse: “Após conversar com vários senadores e deputados federais, nós vamos fazer uma grande campanha para o maior pedido de impeachment de ministro do Supremo, acredito, que da história. Um pedido de impeachment coletivo”.
O ex-deputado Deltan Dallagnol (Novo-PR) também pediu o impeachment de Moraes. “Moraes usurpou a função pública do Procurador-Geral da República. Isso torna o ministro evidentemente impedido para todos esses casos e prova que ele decidiu mesmo sabendo que era impedido, o que caracteriza causa para impeachment do ministro prevista no art. 39, itens 2, 4 e 5 da lei de impeachment”, escreveu no X.
Atingido pela “Vaza Jato” como chefe da força-tarefa do Ministério Público na Lava Jato, Dallagnol comparou os dois casos. “Se alegavam (sic) erroneamente que na Lava Jato havia um suposto conluio entre juiz e procurador, nesse caso é mil vezes pior, não só porque existia e está comprovado, mas porque juiz e procurador eram uma só e única pessoa”, disse à Folha.
Já o deputado Marcel Van Hattem (Novo-RS) defendeu em pronunciamento no plenário da Câmara a investigação da Vaza Toga em uma comissão de inquérito de abuso de autoridade.
“Agora, mais do que nunca, tem um motivo para ser instalado um trabalho inicial”, disse Van Hattem, dirigindo-se ao presidente da Casa, deputado Arthur Lira (PP-AL)
Não foram apenas parlamentares e ex-parlamentares do Novo que se pronunciaram sobre o caso.
A deputada Júlia Zanatta (PL-SC), da base bolsonarista, escreveu no X: “O uso de relatórios sem ordens oficiais coloca em xeque a legalidade das provas e intensifica a polêmica em torno do inquérito, que já era absurdo por sua própria natureza”.
O que é a Vaza Toga?
Mensagens de texto de assessores do ministro Alexandre de Moraes (foto) indicam o uso “fora do rito” do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para avançar o inquérito das fake news, no Supremo Tribunal Federal (STF), diz reportagem da Folha de S. Paulo, publicada nesta terça, 13 de agosto.
O Antagonista decidiu batizar o escândalo de “Vaza Toga“.
Segundo a Folha, o setor de combate à desinformação do TSE forneceu material ao gabinete de Moraes no STF.
“As mensagens revelam um fluxo fora do rito envolvendo os dois tribunais, tendo o órgão de combate à desinformação do TSE sido utilizado para investigar e abastecer um inquérito de outro tribunal, o STF, em assuntos relacionados ou não com a eleição daquele ano“, diz o jornal.
As trocas de informação ocorriam pelo aplicativo de mensagens WhatsApp.
De acordo com a reportagem, o “maior volume de mensagens com pedidos informais” envolveu o então chefe da Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação do TSE, Eduardo Tagliaferro, e o “assessor mais próximo de Moraes no STF”, o juiz instrutor Airton Vieira.
“As mensagens mostram que Airton Vieira (STF) pedia informalmente via WhatsApp ao funcionário do TSE relatórios específicos contra aliados de Jair Bolsonaro (PL). Esses documentos eram enviados da Justiça Eleitoral para o inquérito das fake news, no STF.”
Nem Moraes nem Vieira responderam a pedido da Folha para comentar a matéria. Tagliaferro, que deixou o TSE em maio de 2023 após prisão por suspeita de violência doméstica, disse que “cumpria todas as ordens que me eram dadas e não me recordo de ter cometido qualquer ilegalidade”.
O jornal afirma ter acesso a mais de 6 gigabytes de mensagens e arquivos de assessores de Moraes, incluindo Vieira, que é o primeiro auxiliar do gabinete do ministro no Supremo.
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