Roger Federer e o porquê do nosso fiasco olímpico Roger Federer e o porquê do nosso fiasco olímpico
O Antagonista

Roger Federer e o porquê do nosso fiasco olímpico

avatar
Ricardo Kertzman
4 minutos de leitura 12.08.2024 11:27 comentários
Análise

Roger Federer e o porquê do nosso fiasco olímpico

Se queremos o Brasil como potência olímpica, precisamos - primeiro e muito antes disso - nos transformar em um país desenvolvido

avatar
Ricardo Kertzman
4 minutos de leitura 12.08.2024 11:27 comentários 0
Roger Federer e o porquê do nosso fiasco olímpico
olimpiadas de paris _1723230271450

Confesso que não entendo nem gosto muito de tênis. Esporte com bola, para mim, tem nome: futebol – ainda que curta bastante vôlei e basquete (o americano). Mas conhecer o gênio e a genialidade do suíço Roger Federer (43) são apenas sinônimos de cultura geral, e não amor pelo “ping pong vitaminado”.

O sujeito é um monstro! Um dos recordistas em títulos de Grand Slam, com 20 conquistas. É o segundo jogador a figurar por mais tempo como o número 1 do mundo. Disputou mais de 1.500 partidas ao longo de 24 anos, sendo 1.251 vitórias e 275 derrotas. Venceu 103 títulos. É literalmente o “Pelé” do tênis. Talvez maior.

Roger aposentou-se em 2022 com mais de 130 milhões de dólares acumulados em premiações oficiais. Dias atrás, assisti a um vídeo de um discurso seu em uma formatura (não sei se recente, ou não, e nem onde). Resumidamente, Federer explicou a razão de seu sucesso: “Cada ponto disputado valia a própria partida“.

Os detalhes importam

O tenista contou que, das 1.516 partidas que disputou, venceu aproximadamente 80% (como mostrado acima). Mas, no total, conquistou “apenas” 54% dos pontos. Ou seja, no tênis de alto nível – como em qualquer esporte de alto rendimento – a vitória mora nos detalhes, e a diferença entre os adversários é mínima.

Muitas pessoas têm criticado de forma veemente a performance do Time Brasil nas Olímpiadas de Paris. Como tudo hoje em dia é ideologizado e polarizado, culpam o governo Lula pelo fiasco olímpico, já que, em edições anteriores – Tóquio (2020/21) e Rio (2016) -, fomos substancialmente melhores.

Não tenho a menor paciência para lacração política e achismos simplórios. Não se resumem questões tão abrangentes e complexas a esse ou aquele governo. A estrutura socioeconômica do Brasil data de 1.500, não se esqueçam. Em 524 anos de história não fomos capazes de nos tornar uma democracia desenvolvida, e ponto.

Heranças malditas importam

Não fomos capazes de superar as heranças malditas do Império: a escravidão, que disseminou o racismo; as capitanias hereditárias, que deixaram o coronelismo político; a Corte real, que permanece sob a forma de castas nos três Poderes e os privilégios setoriais dos apaniguados; a desigualdade social etc.

Mantemos, como nação, as piores práticas trazidas pelos portugueses, e isso independe da ideologia vigente no Poder. Já passamos por militares, ditadores, direitistas, centristas, sociais democratas, esquerdistas e sei lá mais o quê. Nosso insucesso é filho de muitos pais, ainda que um e outro tenham sido superlativos.

O Brasil de hoje, repito, data de 1.500 e é fruto de tudo o que fizemos – e que não fizemos – de lá para cá. O esporte (como a educação, a cultura, a saúde e a segurança) é resultado de um trabalho contínuo, em que cada detalhe importa. Cada ano perdido, cada oportunidade desperdiçada, cada dinheiro desviado são décimos de segundos atrás.

Alhos e bugalhos importam

Muita gente acredita que, pelo tamanho da nossa população, seria natural – e obrigatório! – ganharmos mais medalhas olímpicas. Não. Não é assim que funciona. A Austrália e o Canadá são muito melhores do que nós em praticamente tudo. Por que não seriam, também, no esporte olímpico? 

A Noruega é o país com o melhor rendimento olímpico em proporção à população, mas é, igualmente, um dos países com maior IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) do mundo. Não há como comparar um atleta que nasceu e cresceu em perfeitas condições de saúde, alimentação, educação, ambiente familiar, etc. com alguém que não teve nada disso.

Se queremos o Brasil como potência olímpica, precisamos – primeiro e muito antes disso – nos transformar em um país desenvolvido. E isso é tarefa nossa, a partir dos políticos e governantes que elegemos. Culpar Lula, Bolsonaro ou sei lá quem pelos nossos fracassos, é transferir-lhes uma responsabilidade que é nossa. Assim como cada ponto do Federer, cada voto importa.

Leia mais: Brasil, impotência olímpica

  • Mais lidas
  • Mais comentadas
  • Últimas notícias
1

X vai cumprir decisões de Moraes?

Visualizar notícia
2

PF quer identificar quem está usando o X de forma irregular

Visualizar notícia
3

"Uso extremado" do X leva a multa, decide Moraes, sem definir o conceito

Visualizar notícia
4

“Passei a valorizar fazer xixi”, diz brasileiro que sobreviveu ao Hamas

Visualizar notícia
5

Marçal pede Pix e diz que falta dinheiro para campanha

Visualizar notícia
6

Estratégia contra Moraes racha Câmara e Senado

Visualizar notícia
7

Datafolha indica que cadeirada não influiu na corrida em SP

Visualizar notícia
8

Caroline de Toni: AGU não pode ser braço ideológico do governo

Visualizar notícia
9

Julgamento que pode liberar redes de Marçal já tem data

Visualizar notícia
10

"Censura é sonho de consumo do PT", diz líder da oposição no Senado

Visualizar notícia
1

‘Queimadas do amor’: Toffoli é internado com inflamação no pulmão

Visualizar notícia
2

Sim, Dino assumiu a presidência

Visualizar notícia
3

O pedido de desculpas de Pablo Marçal a Tabata Amaral

Visualizar notícia
4

"Só falta ocuparem nossos gabinetes", diz senador sobre ministros do Supremo

Visualizar notícia
5

Explosões em dispositivos eletrônicos ferem mais de 2.500 no Líbano

Visualizar notícia
6

Datena a Marçal: “Eu não bato em covarde duas vezes”; haja testosterona

Visualizar notícia
7

Governo prepara anúncio de medidas para conter queimadas

Visualizar notícia
8

Crusoé: Missão da ONU conclui que Maduro adotou repressão "sem precedentes"

Visualizar notícia
9

Cadeirada de Datena representa ápice da baixaria nos debates em São Paulo

Visualizar notícia
10

Deputado apresenta PL Pablo Marçal, para conter agressões em debates

Visualizar notícia
1

Uerj: estudantes descumprem ordem judicial e geram confusão

Visualizar notícia
2

Crusoé: chavismo repudia Parlamento Europeu por reconhecer eleição de González

Visualizar notícia
3

As piruetas de Moraes contra usuários do X

Visualizar notícia
4

Marçal pede Pix e diz que falta dinheiro para campanha

Visualizar notícia
5

Estreia Hora Extra OA!, exclusivo para assinantes

Visualizar notícia
6

Crusoé: Coreia do Norte lança 160 balões de lixo para a Coreia do Sul

Visualizar notícia
7

Crusoé: Mais da metade dos paulistanos não sabe nº do seu candidato

Visualizar notícia
8

Estratégia contra Moraes racha Câmara e Senado

Visualizar notícia
9

Papo Antagonista: O “uso extremado” do STF

Visualizar notícia
10

"Uso extremado" do X leva a multa, decide Moraes, sem definir o conceito

Visualizar notícia

Assine nossa newsletter

Inscreva-se e receba o conteúdo do O Antagonista em primeira mão!

Tags relacionadas

jogos olímpicos de Paris 2024
< Notícia Anterior

Incidente com avião da Azul fecha aeroporto em SC

12.08.2024 00:00 4 minutos de leitura
Próxima notícia >

Governo anuncia Pente-fino no BPC: entenda essa atualização

12.08.2024 00:00 4 minutos de leitura
avatar

Ricardo Kertzman

Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.

Comentários (0)

Torne-se um assinante para comentar

Notícias relacionadas

Peñarol derrota Flamengo no Maracanã pela libertadores

Peñarol derrota Flamengo no Maracanã pela libertadores

Visualizar notícia
Pablo Vegetti quer permanecer no Vasco até a aposentadoria

Pablo Vegetti quer permanecer no Vasco até a aposentadoria

Visualizar notícia
Filhos de Cristiano Ronaldo são recusados em escola de luxo

Filhos de Cristiano Ronaldo são recusados em escola de luxo

Visualizar notícia
Barcelona perde para o Mônaco na estreia da Champions

Barcelona perde para o Mônaco na estreia da Champions

Visualizar notícia
Icone casa

Seja nosso assinante

E tenha acesso exclusivo aos nossos conteúdos

Apoie o jornalismo independente. Assine O Antagonista e a Revista Crusoé.