Candidatos petistas terão de disputar Prefeitura de Caracas neste ano
Apoio do PT e cumplicidade do governo Lula com o regime de Maduro internacionalizaram uma campanha municipal que já tinha sido nacionalizada. Pior para os petistas
Candidato à Prefeitura de São Paulo, o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP, à esquerda na foto) tentou se esquivar, em fevereiro, de comentar a infame comparação feita por Lula entre a ação militar israelense em Gaza e o Holocausto. “Não sou candidato a prefeito de Tel Aviv“, disse Boulos na ocasião. A campanha municipal brasileira mal começou e já ficou claro que os candidatos petistas terão de disputar a Prefeitura de Caracas, capital venezuelana, como diria Boulos.
O deputado não é filiado ao PT, mas é o representante do partido junto com Marta Suplicy (à direita na foto) no disputa de São Paulo, que o presidente Lula já tinha nacionalizado, ao dizer que o embate será entre ele e Jair Bolsonaro, e agora se internacionalizou.
Os petistas celebraram a “vitória” de Nicolás Maduro e o governo Lula pega leve com o regime venezuelano, demonstrando uma confiança injustificável nas instituições do país.
A falta de uma condenação mais clara aos evidentes abusos de Maduro, que diz ter prendido mais de 2 mil pessoas que protestaram contra a proclamação de um resultado sem atas que o comprovem, deixa os candidatos petistas em situação desconfortável nestas eleições municipais.
“Autodeterminação dos povos”
A primeira a ser constrangida pela posição do partido sobre a Venezuela foi a deputada federal Maria do Rosário (PT-RS), candidata à Prefeitura de Porto Alegre. Questionada pelo adversário Felipe Camozzato (Novo) em debate, a parlamentar apelou para o surrado discurso de Lula sobre a “autodeterminação dos povos” para se esquivar de responder.
“Não quero entrar nesse debate porque estou focadíssima na cidade”, disse a petista. Camozzato rebateu: a nota do PT foi elaborada pela Executiva Nacional do partido, da qual Rosário faz parte. A deputada chegou a responder que “ditadura é quando o senhor quer falar no meu tempo”, mas não conseguiu classificar o regime de Maduro como ditatorial.
Boulos também não ousou falar em ditadura quando questionado sobre o regime de Maduro durante entrevista concedida ao portal G1 na quarta-feira, 7.
“Não é o meu modelo de democracia. Se ficar comprovado — e é esse processo de transparência que nós estamos propondo e cobrando —, que houve fraude nas eleições, e o governo que exercitou fraude permanecer no governo, você não vai ter mais lá uma democracia, definitivamente”, disse o candidato à Prefeitura de São Paulo, como se esta fosse a primeira vez que o regime de Maduro é acusado de fraudar eleições na Venezuela.
Com esse discurso, hoje, fica difícil se eleger prefeito até em Caracas.
Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.
Comentários (0)