Derretimento nas geleiras dos Andes é sem precedentes
Análise das amostras de rochas encontradas ao redor de quatro geleiras na Cordilheira dos Andes revelou que esse recuo foi muito mais rápido que o esperado.
Rochas recentemente descobertas em áreas, que antes eram cobertas por gelo pré-histórico, foram reveladas pelo derretimento das geleiras dos Andes recuaram para seu menor tamanho em mais de 11.700 anos.
Isso mostra que os trópicos já aqueceram além dos limites observados no início do Holoceno, período que começou há 12 mil anos, é o que aponta a pesquisa liderada pelo Boston College, nos Estados Unidos e publicada, ontem, na revista Science.
Cientistas previam que as geleiras recuariam com o aumento das temperaturas nos trópicos. No entanto, a análise das amostras de rochas encontradas ao redor de quatro geleiras na Cordilheira dos Andes revelou que esse recuo foi muito mais rápido que o esperado.
Jeremy Shakun, professor do Boston College e coautor do ensaio, disse haver “evidências bastante fortes de que essas geleiras são menores agora do que em qualquer outro momento nos últimos 11 mil anos“.
Derretimento rápido das geleiras do Andes: Um alerta climático
Esse processo sugere que as geleiras não podem mais ser classificadas como do período interglacial do Holoceno, uma época crucial para o desenvolvimento das civilizações.
Em vez disso, elas podem estar transitando para uma nova era, o Antropoceno. A descoberta também implica que muitas outras geleiras em todo o mundo estão recuando mais rapidamente do que o previsto.
Geleiras estão recuando rapidamente
Para o trabalho, os pesquisadores analisaram a química das rochas e viram que as geleiras nunca haviam sido expostas à radiação cósmica desde sua formação.
O rápido recuo das geleiras tropicais está fortemente ligado ao impacto humano, especialmente após a Revolução Industrial.
Francisco Eliseu Aquino, professor de climatologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), enfatiza que “em especial, após a Revolução Industrial, houve a queima de combustível fóssil, a alteração da superfície do planeta e o aumento da temperatura média global“.
Implicações para o futuro das geleiras
O aumento da temperatura é o principal fator que explica o recuo das geleiras identificado pela técnica de datação usada no estudo.
Este trabalho é extremamente relevante do ponto de vista da ciência e ajuda a compreender melhor cenários futuros.
Aquino destaca que “esse trabalho é extremamente relevante do ponto de vista da ciência e ajuda a compreender melhor cenários futuros“.
Veja aqui algumas implicações adicionais do recuo acelerado das geleiras.
- Aumento no nível do mar, afetando regiões costeiras.
- Alterações nos ecossistemas locais, impactando a biodiversidade.
- Problemas de abastecimento de água em regiões que dependem do degelo.
- Efeitos no clima global, devido à diminuição das superfícies refletoras de luz solar.
Para quem está acompanhando de perto as mudanças climáticas, essa descoberta é um alerta importante.
A ação humana está claramente deixando marcas profundas no planeta e entender essas mudanças é crucial para mitigar seus efeitos.
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