Ivan Sant’Anna na Crusoé: A Venezuela que eu vi
Após 26 anos de chavismo ou bolivarianismo, o país está bem pior do que quando lá estive pela primeira e última vez até hoje, em 1971
Em 1970, meu time, o Fluminense, venceu o campeonato brasileiro, então denominado Taça de Prata.
Com isso, nos classificamos para a Copa Libertadores da América de 1971.
Na segunda quinzena de fevereiro daquele ano, viajei com a delegação tricolor para Caracas. Ficamos na capital venezuelana ao longo de uma semana, na qual vencemos dois times locais: Deportivo Italia por 6 a 0 e Deportivo Galicia por 3 a 1.
Mais tarde, seríamos eliminados do torneio ao perder, no Maracanã, para o Deportivo Italia por 1 a 0 (uma das maiores zebras do torneio continental até hoje) e para o Palmeiras por 3 a 1.
É bom me lembrar que esta crônica não é sobre futebol e sim a respeito da Venezuela, país onde nunca mais pus os pés.
Algumas coisas me impressionaram em Caracas:
Em primeiro lugar, a pobreza e as favelas, apesar do país ter as maiores reservas de petróleo do planeta.
Acontece que, naquela ocasião, o barril custava 3,40 dólares no mercado spot de Roterdam.
Tal como conto em meus livros Os mercadores da noite e O Terceiro Templo, as companhias estrangeiras que exploravam as jazidas do cinturão do Orinoco ficavam com a parte do leão e, na divisão de lucros, prejudicavam os venezuelanos.
Detalhe: o mesmo acontecia no Oriente Médio: Arábia Saudita, Kuwait, Iraque, etc.
Voltando à minha visita a Caracas, tudo (com exceção de petróleo) era importado: alimentos, bens de consumo durável e principalmente automóveis.
Como os venezuelanos podiam importar carros americanos usados, por preços baixíssimos, o tráfego nas principais ruas da capital estava sempre engarrafado. Tanto é assim que a delegação do Fluminense ia do hotel para o estádio a pé.
Dois anos mais tarde, em outubro de 1973, aconteceu a guerra do Yom Kippur e, após a vitória de Israel, o primeiro choque do petróleo, com o preço do barril, em apenas três meses (outubro, novembro e dezembro). subindo de três para 22 dólares, uma alta de 633% nesse pequeno período de tempo.
Como a Venezuela era membro fundador da OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo), tudo indicava que a economia do país iria “bombar”.
Mas não foi o que aconteceu, muito menos em 1976, quando o país nacionalizou sua indústria petrolífera, criando a PDVSA (Petróleos de Venezuela S. A.), um mastodonte que logo iria se transformar em um gigantesco cabide de empregos.
Nem mesmo quando o preço do barril de petróleo,…
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