Ruy Goiaba na Crusoé: Toma, que o filho é teu
Colunista comenta as patéticas tentativas de classificar Nicolás Maduro como alguém que "não é de esquerda" ou nem é tão ditador assim
Existe neste momento uma Olimpíada correndo em paralelo à de Paris, caso vocês não tenham notado. Trata-se de uma espécie de Jogos Olímpicos do Ridículo, disputados nas modalidades Mentira Grotesca, Desculpa Esfarrapada e Argumento Patético pelo ditador Nicolás Maduro e seus aliados, na Venezuela ou fora dela — e asseguro que, nessa “Olimpíada”, há muito mais brasileiros com chance de ganhar medalha de ouro que na disputada às margens do Sena.
Não sei nem como começar a descrever os feitos dos candidatos a Katie Ledecky nessa Olimpíada do Ridículo, mas um bom ponto de partida é a fraude eleitoral mais mal-ajambrada da história: o tal Conselho Nacional Eleitoral, que está 100% no bolso do chavismo, decretou a “vitória” de Maduro antes de encerrar a contagem dos votos e, passados quatro dias da votação, não apresentou até agora as atas (deve ser para terem mais tempo de dar aquela ajeitada nos números, usando o Paint ou algum programa de sofisticação semelhante).
Sem falar nos percentuais do CNE para Maduro e seu adversário, Edmundo González, que têm cinco casas decimais idênticas: como no mundo real a chance de isso ocorrer é infinitesimal, ficou muito claro que os chavistas primeiro inventaram os percentuais e saíram deles para o “total de votos”. É um caso em que o velho dilema “burrice ou safadeza?” só pode ser respondido com “ambas!”.
O próprio Maduro é um recordista olímpico e mundial do ridículo: um caudilho latino-americano de opereta, que só não é mais risível porque seu governo tem sido bastante eficiente em prender e matar opositores. Mas e os brasileiros participando dessa empolgante competição? Ah, nós temos craques em todas as modalidades: Lula dizendo que não há nada de “anormal” ou “grave” na fraude escancarada. A Executiva Nacional do PT dando o maiorrrapoio e criticando a “ingerência externa” (expressão que só não vale para a Ucrânia — ali Vladimir Putin pode ingerir à vontade). O Itamaraty fingindo que está muito preocupado com a divulgação das atas venezuelanas e, logo depois, amarelando na hora de votar uma resolução da OEA que estava exigindo exatamente a mesma coisa.
Mas, se me coubesse distribuir medalhas de ouro nesse certame, meus favoritos seriam jornalistas, comentaristas e demais palpiteiros com microfone.
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