Vocabulário do governo Lula: “falecimento” de brasileiro e “assassinato” de terrorista
O contraste entre as notas do Itamaraty é gritante
O governo Lula (à direita do chanceler Mauro Vieira na foto) lamentou como “falecimento” o assassinato do brasileiro Ranani Nidejelski Glazer, cometido pelo Hamas em 7 de outubro de 2013, em Israel, e condenou como “assassinato” a eliminação de Ismail Haniyeh, líder do grupo terrorista, em 1º de agosto de 2024, em Teerã.
Condenou também, sob o pretexto de ter sido feito em área residencial, o “ataque aéreo israelense em Beirute” que, com precisão, eliminou Fuad Shukr, comandante militar do grupo terrorista libanês Hezbollah, tratado pelo Itamaraty como “partido”.
Em relação aos outros brasileiros executados pelo Hamas – Karla Stelzer Mendes, Bruna Valeanu e Michel Nisembaum -, o termo utilizado nas notas do governo Lula foi “morte”.
Vítima do Hamas
Ranani Nidejelski Glazer, natural do Rio Grande do Sul, estava com sua namorada Rafaela Treistman e o amigo Rafael Zimerman no festival de música eletrônica invadido por terroristas no sul do território israelense.
Ele chegou a gravar um vídeo, no qual relatou sua fuga. “Cara, eu juro que essa situação não tem como inventar. No meio da rave, a gente parou num bunker, começou uma guerra em Israel, pelo menos a gente tá num bunker agora, seguro. Vamos esperar dar uma baixada nisso, mas, cara, foi cena de filme agora, gente correndo, quilômetros, para achar um lugar pra se esconder, velho”, disse Glazer.
Eu, Felipe, ao visitar Israel em maio de 2024, estive no “bunker” onde ele foi assassinado — na verdade, um abrigo antiaéreo, como vários outros localizados em beiras de estradas e ao lado dos pontos de ônibus naquela região, que era, com frequência, alvejada por foguetes do Hamas até a eliminação de seu comandante militar, Muhammad Deif, em julho deste ano.
Contrastes
O abrigo antiaéreo é um espécie retangular de iglu, com paredes espessas que protegem as pessoas de explosão e estilhaços, mas o vão de entrada — o espaço de uma porta vertical, sem a porta — não impede que terroristas armados entrem, disparem tiros de fuzil e explodam granadas, como aconteceu em diversos casos envolvendo jovens que fugiram da rave.
O contraste entre os títulos das notas do Itamaraty sobre os casos do brasileiro e do líder do grupo terrorista que o matou é gritante: “Falecimento de cidadão brasileiro em Israel” e “Assassinato do chefe do Escritório Político do Hamas, Ismail Haniyeh, em Teerã”.
Segundo a última nota, “o governo brasileiro condena veementemente o assassinato” de Haniyeh e “o Brasil repudia o flagrante desrespeito à soberania e à integridade territorial do Irã”. Na verdade, o governo Lula repudia a eliminação do líder terrorista do Hamas que, horas antes, estava sentado na fileira do vice-presidente, Geraldo Alckmin, na posse do presidente do Irã, Masoud Pezeshkian.
Líderes de grupos terroristas
Entre Alckmin e Haniyeh, estavam – como eu, Felipe, identifiquei no X, em imagem que viralizou nas redes sociais – outros três líderes de grupos terroristas: Mohammed Abdulsalam (Houthi), Ziyad Al-Nakhalah (Jihad Islâmica) e Naim Assem (Hezbollah). Depois da posse, Haniyeh foi eliminado no quarto da pousada em que estava hospedado, onde um artefato explosivo teria sido infiltrado com dois meses de antecedência e detonado à distância.
Além da imagem de um Brasil que o major brasileiro de Israel, Rafael Rozenszajn, disse não ser o que ele conhece, a escolha de palavras mais adequadas às narrativas de assassinos que ao sofrimento de suas vítimas, inclusive brasileiras, ilustra a postura perversa do governo Lula diante do mundo contemporâneo.
Só faltou Alckmin ficar em Teerã para o velório.
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