“Lula abastardou a campanha eleitoral”
Em editorial, o Estadão fala sobre o "terceiro turno" que revanchistas podem querer impor ao país e diz que Lula "abastardou campanha eleitoral" e que o PT foi que dividiu o Brasil em “nós” e “eles". Leia um trecho: "Não se chega ao estado de espírito que presidiu a campanha por acaso. Foram anos de corrupção, desmandos e desfaçatez por parte do grupo político que, capitaneado pelo hoje presidiário Lula da Silva...
Leia um trecho:
“Não se chega ao estado de espírito que presidiu a campanha por acaso. Foram anos de corrupção, desmandos e desfaçatez por parte do grupo político que, capitaneado pelo hoje presidiário Lula da Silva, chegou ao poder disposto a dali nunca mais sair – e do qual o candidato Haddad é herdeiro consagrado. A reação a essa ofensiva antidemocrática – materializada na Operação Lava Jato -, se deve ser louvada por ter exposto o assalto que estava sendo cometido aos cofres públicos, por outro lado demonstrou lamentável inclinação para a ribalta e o messianismo. Todos os políticos passaram a ser considerados igualmente corruptos até prova em contrário, instaurando-se um clima de caça às bruxas que só poderia resultar na emergência de políticos oportunistas que se apresentaram como “antissistema” – caso do candidato Bolsonaro. Pouco importavam suas propostas para o País – que, aliás, ninguém sabe quais são, pois elas não foram explicitadas, limitando-se a bravatas e slogans.
O outro lado tampouco ajudou. Ao contrário: Lula abastardou a campanha eleitoral ao usá-la escandalosamente em sua estratégia para tentar sair da cadeia, lançando como candidato um mero preposto, Fernando Haddad, e induzindo seus fanáticos seguidores a conflagrar ainda mais a Nação.
Quem realmente se importa com o País deve aceitar o dia de hoje, quando se encerra a eleição, como o ponto final desse enredo de horror. Urge que a classe política, a começar pelos partidos que disputam o segundo turno, deixe de lado a irresponsabilidade e se esforce para colocar o interesse público em primeiro lugar. Não é hora senão da reconciliação, e o exemplo deve partir dos líderes políticos. Uma vez encerrada a votação e conhecido o vencedor, o próximo presidente e aqueles que estarão na oposição devem ter a grandeza de compreender que o País não pode ficar em campanha eleitoral permanente.
Há muito trabalho a ser feito, e uma parte significativa desse trabalho – como as reformas constitucionais – só poderá ser realizada se houver amplo consenso. Para isso, o compromisso com a democracia, proclamado durante a campanha pelos dois candidatos, não pode ser da boca para fora. Tanto quem ganhar como quem perder deve ser capaz de conviver com seu adversário, reconhecendo-lhe a legitimidade. Mais de uma década sob governos de um partido que dividiu o País em ‘nós’ e ‘eles’ e cujos líderes nunca desceram do palanque foi o bastante para sabermos o mal que isso faz.”
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