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Sem argumentos para defender Maduro, esquerda tenta desqualificar a oposição 

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Carlos Graieb
3 minutos de leitura 29.07.2024 17:38 comentários
Análise

Sem argumentos para defender Maduro, esquerda tenta desqualificar a oposição 

Tem gente na imprensa brasileira, em grandes portais de internet, dizendo que a Venezuela se encontra num impasse porque tanto Nicolás Maduro quanto a oposição carecerem de legitimidade.  Como não têm argumentos para defender Maduro, um governante acusado de crimes contra a humanidade pelo Tribunal Penal Internacional, tentam dizer que seus opositores são tão ruins...

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Sem argumentos para defender Maduro, esquerda tenta desqualificar a oposição 
Foto: Reprodução/X Nicolás Maduro

Tem gente na imprensa brasileira, em grandes portais de internet, dizendo que a Venezuela se encontra num impasse porque tanto Nicolás Maduro quanto a oposição carecerem de legitimidade. 

Como não têm argumentos para defender Maduro, um governante acusado de crimes contra a humanidade pelo Tribunal Penal Internacional, tentam dizer que seus opositores são tão ruins quanto ele.  

Não são, nem de longe. Essa é uma maneira ensandecida de ver as coisas.  

Regras do jogo

O que está em jogo neste momento é a legitimidade do processo eleitoral.  Sejam quais forem os deméritos dos contendores, a questão é se campanha, votação e apuração foram conduzidas de maneira limpa e transparente.  

Todo mundo sabe que isso não aconteceu, porque os órgãos eleitorais foram capturados há muito tempo pelo regime de Maduro.  

O ditador escolheu com quem queria concorrer.  

Escolheu os observadores que poderiam acompanhar a eleição.  

Causou medo às vésperas da votação, falando na possibilidade de um banho de sangue caso ele perdesse.  

Falsa equivalência

Prometeu que as atas eleitorais ficariam acessíveis para conferência, mas teve sua vitória proclamada antes que qualquer verificação independente fosse possível — e depois de inúmeros relatos de que o acesso a locais de apuração foi boqueado por gorilas do regime. 

Enquanto isso, o Procurador Geral da República venezuelano, um chavista histórico que já foi chamado de “poeta da revolução bolivariana”, acusa a oposição de haver comandado um ataque hacker aos sistemas eleitorais. 

Como equiparar governo e seus adversários se o primeiro controla de maneira tão brutal todos os passos do processo?  

O papel das Forças Armadas

Maria Corina Machado, a líder da oposição, também foi criticada por pedir que as Forças Armadas da Venezuela deem respaldo ao seu grupo.  

Não se pode interpretar esse pedido na linha do “venham reproduzir conosco o mesmo esquema que Maduro criou com alguns militares”.  

Trata-se, na verdade, de requerer que as Forças Armadas deixem a política e virem as costas aos oficiais que Maduro comprou com cargos de comando nas estatais venezuelanas.  

Ao contrário do que dizem as esquerdas, a base de poder do regime bolivariano não está na população, mas nessa gangue armada com quem Maduro se aliou.  

Assim, não existe transição democrática possível no nosso vizinho se não houver gente nas Forças Armadas disposta a isolar esses militares corruptos. A oposição não tem alternativa senão apelar a eles.  

O que está em jogo na Venezuela é algo muito mais básico do que uma disputa entre projetos políticos diferentes: é a possibilidade de que os candidatos participem das eleições em condição de igualdade, sem que um grupo tenha a sua disposição mecanismos de fraude e repressão massiva.  

Por isso, equiparar Maduro àqueles que têm a coragem de desafiar o seu regime é mais do que absurdo. É má fé.  

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Carlos Graieb

Carlos Graieb é jornalista formado em Direito, editor sênior do portal O Antagonista e da revista Crusoé. Atuou em veículos como Estadão e Veja. Foi secretário de comunicação do Estado de São Paulo (2017-2018). Cursa a pós-graduação em Filosofia do Direito, da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP).

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