Josias Teófilo na Crusoé: As causas da rejeição ao cinema brasileiro
As pessoas fazem filmes tendo em vista mais a aprovação dos pares do que a recepção do público em geral
Existe uma rejeição muito forte ao cinema brasileiro, manifestada não só nas redes sociais. As bilheterias também têm denunciando essa rejeição. Nem a cota de tela aprovada garantiu uma bilheteria minimamente expressiva ao cinema brasileiro. Dez por cento das salas foram reservadas pela lei, mas nem por isso os espectadores as ocuparam, apenas 5% dos ingressos foram vendidos para os filmes brasileiros.
Qual o motivo de tal rejeição? São vários e foram se acumulando ao longo do tempo.
O primeiro e mais proeminente é a ideologização do cinema brasileiro. E não me refiro nem a realizar filmes tendo temas ou recortes marxistas – a luta de classes ou movimento revolucionário, por exemplo. Grandes filmes foram feitos sobre isso – Outubro, de Eisenstein, e Soy Cuba, de Kalatozov, para citar dois. Apesar de terem um programa político definido, esses filmes – e muitos outros, no Realismo Italiano, por exemplo – tinham qualidades que superavam o programa inicial. O problema não é o tema do filme, mas a linguagem com que o tema é apresentado: a linguagem retórica, publicitária mesmo, persuasiva.
E isso se dá em todas as fases da produção: desde a captação de recursos os filmes apresentam recortes enviesados, identitários, quando ainda são um projeto. Depois, na escrita do roteiro entra a questão da representatividade e do lugar de fala – um filme ou série sobre um negro deve ter no mínimo um roteirista negro, ou diretor negro (o que não faz rigorosamente nenhum sentido). O mesmo na seleção do elenco, que deve ter uma porcentagem de minorias: mulheres, negros, homossexuais, transexuais, e por aí vai. A forma com que os personagens são retratados também é levado em conta sob o ponto de vista da representatividade: se exalta ou degrada um grupo social. E aí de quem desagradar: pode ser boicotado, perder o emprego, ser cancelado etc.
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