Se o Brasil é Gaza, como disse Lula, quem seria o nosso Hamas?
De janeiro de 2003 a junho de 2024, o PT esteve no poder por 15 anos e meio; cerca de 75% de todo o período
Os reducionismos, simplificações, mistificações e informações inverídicas — não raro, mentiras propositais — de Lula a respeito de quase tudo em que se mete a “analisar” e a falar publicamente, causam profunda indignação a quem, não convertido e capaz de meia dúzia de sinapses, é submetido a tantas e tamanhas besteiras.
A depender do pobre ouvinte, inclusive, as declarações daquele que orgulhosamente nunca leu um livro na vida soam ultrajantes e ofensivas. Uma vítima crassa, ultimamente, é a comunidade judaica brasileira, a partir das comparações despropositadas que Lula faz entre o conflito em Gaza e o holocausto, que, sim, resvalam no mais puro e odiento antissemistimo.
O chefão petista palpita sobre tudo de maneira costumeiramente rasa. Nesta terça-feira (23), resolveu “palestrar” sobre tributação de heranças nos EUA, de forma totalmente equivocada, desconhecendo a progressividade dos impostos na terra do Tio Sam. Sem contar as manobras que famílias bilionárias tradicionais (a despeito de toda a filantropia aparente) praticam para escapar de impostos — o que é legítimo, por sinal, e recorrente no mundo inteiro —, criando institutos e fundações.
Por falar em “palestrar”, me lembrei das inúmeras palestras – eu disse palestras? — que ele fazia para empresas confessadamente corruptas após deixar a Presidência da República. Imagino que tenha sido por seu imenso saber os cachês equivalentes aos dos melhores economistas e palestrantes do mundo. À época, Paulo Okamotto, presidente do Instituto Lula, declarou que foram realizadas mais de 70 palestras ao custo de US$ 200 mil cada.
Sem limites
Toda vez que Lula desce, penso que é o máximo de sua desonestidade de pensamento, mas ele sempre encontra um alçapão no fundo do poço. Ao comparar a situação em Gaza com “o Brasil pós-impeachment de Dilma Rousseff”, abriu mais um buraco nas profundezas de sua “biografia intelectual”. Mormente por desconsiderar o drama da população local, que sofre as consequências terríveis dos ataques terroristas do Hamas contra Israel, em 7 de outubro de 2023.
“Esse país [Brasil], eu diria, o que eles [governos de Michel Temer e de Jair Bolsonaro] fizeram nesses últimos [anos], depois do impeachment da Dilma, é o que o Netanyahu está fazendo na Faixa de Gaza, lá na Palestina. O que eles fizeram com esse país foi um pouco isso”, foi o que disse Lula em um evento, também nesta terça-feira (23), na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Sim. Em uma universidade!
Quanto valeria uma pérola dessas (em honorários como palestrante)? Bom, depende: para os estupradores, assassinos e decapitadores palestinos – que não são “os” palestinos -, talvez muito mais que os US$ 200 mil dólares pagos pela OAS, Odebrecht e cia. Já para um israelense, sendo judeu ou não, que não dorme há quase um ano por não saber se um ente querido (sequestrado) está vivo, valeria o mais profundo engulho.
Vamos falar de violência
“Todo final de semana agora, este final de semana, morreu mais 70 pessoas na faixa de Gaza. A semana passada, morreu mais 90. E quem é que está morrendo? É soldado? Não. É terrorista? Não. Quem está morrendo? São mulheres e crianças que são vítimas dos ataques, todo santo dia, de um governo que já foi condenado pelo Tribunal Internacional”, continuou o presidente, atuando como se fosse uma espécie de “porta-voz não oficial” do Hamas. Lembrando que este mesmo tribunal (TPI -Tribunal Penal Internacional) também condenou Vladimir Putin, algo que Lula jamais fez. Ao contrário. Declarou que receberia de braços abertos, no Brasil, o tirano russo.
Anotem aí: o número de estupros cresceu 6,5% e bateu novo recorde no Brasil em 2023. Foram 83.988 denúncias, segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública. Eu não saberia dizer quantos corinthianos há entre os estupradores, se é que me entendem a ironia. Já o número de indígenas assassinados foi de 208, 15% a mais do que em 2022. Os dados são do Cimi (Conselho Indigenista Missionário). Também em 2023, ocorreram 46.328 mortes violentas intencionais, leia-se, assassinatos. Isso equivale a uma taxa por 100 mil habitantes quase 4 vezes maior do que a média mundial.
Tem mais: o Brasil registrou quase 1 milhão de homicídios em 18 anos. Foram 999.548 de 2003 a 2021. Os números são do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime da ONU (Organização das Nações Unidas). Mas, atenção! De janeiro de 2003 a junho de 2024, o Partido dos Trabalhadores (PT) esteve no Poder por 15 anos e meio, ou seja, cerca de 75% de todo o período. Se o Brasil, hoje, é Gaza — e obviamente não é —, nosso Hamas tem nome e sobrenome. Creio que não preciso desenhar.
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