Rodolfo Borges na Crusoé: Que o Coutinho voltou, querendo demais…
…mais três pontinhos na conta do pai. A Barreira vai virar baile e de uma hora para a outra todo mundo virou vascaíno
Em sua coluna esportiva para Crusoé, Rodolfo Borges escreve nesta edição de número 324 sobre a volta de Philippe Coutinho ao Vasco, clube onde iniciou sua carreira no futebol.
É irresistível. A torcida do Flamengo está cantando. A do Fluminense, a do Corinthians… “Se tem jogo do Vascão, pra Barreira logo eu vou. Vai ferver o Caldeirão, os ingressos já ‘esgotou’. Com o Pirata é tiro certo, foi o Payet quem falou”, diz a música cantada por MC Darlan e Miguel Misso, o “Blogueirinho da Colina”, de 11 anos.
A música segue assim: “Que o cria tá vindo aí, o Pedrinho já confirmou que o Coutinho voltou, querendo demais. Anota mais três pontinhos na conta do pai. A Barreira vai virar baile”. A letra é de Lucas Misso, irmão de Miguel, e a melodia é inspirada em “Se quer cair com o popô”, de MC Rodrigo do CN.
A Barreira que vai virar baile é uma favela próxima ao estádio de São Januário, onde o Vasco manda seus jogos. O Coutinho é Philippe, cria da base do alvinegro carioca que volta do exterior após passar por clubes como Liverpool e Barcelona, e Pedrinho é o ex-jogador que se tornou presidente do clube.
Pirata é o atacante argentino Pablo Vegetti, que celebra seus gols cobrindo um dos olhos, Payet é o renomado francês que sabe-se lá como veio parar no Vasco, e a música é ruim mesmo. Mas, ao mesmo tempo, nem os torcedores adversários conseguem evitá-la — e alguns flamenguistas não resistiram a passar o recibo de criar paródias para exaltar o rubro-negro (nenhuma colou).
“A música? Representa ela tudo o que existe de semi-articulado, de duvidoso, de irresponsável, de indiferente”, diz Lodovico Settembrini ao jovem Hans Castorp na mítica Montanha Mágica, de Thomas Mann.
O italiano do sanatório em Davos-Platz segue, no que pode servir de aviso para a torcida vascaína, que vê o time escapando da zona de rebaixamento no Brasileirão após os sustos do início da temporada:
“O senhor talvez me objete que ela [a música] pode ser clara. Mas também a Natureza pode ser clara; também um arroio o pode ser, e de que nos adianta isso? Não é essa a clareza verdadeira; é uma clareza sonhadora, despida de significação, uma clareza que a nada obriga nem chega a ter consequências; é perigosa porque induz a gente à complacência satisfeita…”.
Leia mais aqui; assine Crusoé e apoie o jornalismo independente.
Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.
Comentários (0)