Entenda o tabuleiro político da direita no Parlamento Europeu
AfD liderará o grupo “Europa das Nações Soberanas”, O RN de Marine Le Pen se juntará a Orbán no “Patriotas pela Europa” e o irmãos de Itália, de Meloni, seguirá com “Conservadores e Reformistas Europeus”
O partido de direita radical alemão, Alternativa para a Alemanha (AfD) formou um novo grupo no Parlamento Europeu, cimentando uma divisão tripartida entre os maiores partidos de direita da Europa.
A AfD liderará o grupo Europa das Nações Soberanas, disseram responsáveis do partido na quarta-feira, 10 de julho, depois de o afastamento do partido francês Rassemblement National (RN) da França ter deixado o partido alemão isolado na assembleia da UE.
O afastamento do RN com o AfD deu-se quando o principal candidato da AfD, Maximilian Krah, disse, em entrevista, que nem todos os membros das SS nazis eram criminosos. A declaração queimou as pontes do partido com outros movimentos populistas europeus de direita.
O AfD aumentou a sua percentagem de votos na Alemanha para o nível mais elevado de sua história, de 15,9 por cento, nas eleições europeias para a legislatura em Junho, colocando-a em segundo lugar, depois da conservadora União Democrata Cristã, o partido da ex-chanceler Angela Merkel.
A despeito desse aumento em número de votos, a divergência com a AfD e as questões sobre como responder à Rússia diminuíram o seu poder.
Outros que se juntaram aos 14 membros da AfD incluem o Reconquête, da França, o partido marginal fundado pelo incendiário Éric Zemmour que está ainda mais à direita do que Le Pen.
A Konfederacja monarquista-nacionalista da Polônia e o Hnutie Republika da Eslováquia, um partido fundado por antigos neonazis, também fazem parte dos Soberanos.
O RN de Marine Le Pen havia anunciado, na semana passada, que se juntaria a um novo grupo co-fundado pelo húngaro Viktor Orbán, conhecido como Patriotas pela Europa.
Meloni e os Conservadores e Reformistas Europeus (ECR)
Há ainda no parlamento europeu um outro grupo de direita, unido em torno dos Irmãos de Itália de Giorgia Meloni, são os Conservadores e Reformistas Europeus (ECR), que estão mais próximos do centro.
Ao contrário do RN e da AfD, que tendem a ter opiniões favoráveis à Rússia, o ECR está unido na sua atitude pró-Ucrânia.
De acordo com as regras parlamentares da UE, um grupo só pode ser formado se um mínimo de 23 eurodeputados de sete nações diferentes se unirem, abrindo oportunidades significativas para nomeações e influência política.
Nem os Patriotas nem os Soberanos podem esperar quaisquer cargos de topo na assembleia da UE, uma vez que os partidos pró-UE formaram um “cordão sanitário” à sua volta. O ECR, no entanto, está no bom caminho para assegurar um cargo de vice-presidente e dois presidentes de comissões.
O ECR de Meloni criticou ferozmente Orban por ter visitado Moscou para se encontrar com o presidente russo, Vladimir Putin, na semana passada. Meloni, que é a primeira-ministra da Itália, apoiou a Ucrânia contra a Rússia e também procurou adotar um tom mais conciliatório na tomada de decisões da UE, em contraste com outros da direita mais radical.
As negociações entre Giorgia Meloni e Ursula von der Leyen
Os legisladores da UE votarão na próxima semana para aprovar ou rejeitar a candidatura da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, para um segundo mandato.
Meloni recusou-se a apoiar von der Leyen no mês passado, mas o ECR irá reunir-se com a alemã na próxima semana. As aberturas de Von der Leyen a Meloni e aos seus aliados foram, no entanto, fortemente criticadas pelas principais vozes políticas da esquerda.
Von der Leyen precisa do apoio de 361 eurodeputados numa votação prevista para 18 de julho, em Estrasburgo. Os três grupos parlamentares que a apoiam têm 401 membros, mas alguns já disseram que a rejeitarão.
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