“Desde o Holocausto, as ideologias antissemitas nunca foram tão poderosas”
Uma reflexão sobre a dissonância entre a educação sobre o Holocausto e a persistência do antissemitismo no mundo atual
O jornalista e escritor canadense Matti Friedman publicou artigo intitulado “Nós entendemos mal os nazistas” no site The Free Press nesta terça, 9. Friedman explora a dissonância entre a educação sobre o Holocausto e a persistência do antissemitismo no mundo atual.
Friedman observa a profusão de livros sobre Auschwitz nas prateleiras das livrarias e questiona: “como a mesma cultura que produz documentários de seis horas sobre os nazistas também está gerando tudo o que estamos vendo?” Ele destaca que, apesar dos esforços de educação, “desde o Holocausto, as ideologias antissemitas nunca foram tão poderosas, tão próximas da superfície ou tão perigosas”.
O jornalista relata sua experiência assistindo à série documental da Netflix Hitler and the Nazis: Evil on Trial, que, apesar de detalhar tecnicamente os horrores nazistas, não consegue explicar “o mecanismo mental que levou pessoas inteligentes a se envolverem em tal barbárie”. Segundo ele, o foco excessivo na logística do genocídio nazista nos distancia da compreensão do “porquê” de sua ocorrência.
Friedman enfatiza a falha da educação sobre o Holocausto em prevenir o antissemitismo contemporâneo. Ele cita a autora Dara Horn, que argumenta que transformar o Holocausto em uma narrativa genérica sobre preconceito “deixou os receptores sem compreensão do problema específico enfrentado pelos judeus”. Esta visão, segundo ele, foi confirmada pelos eventos após o massacre de 7 de outubro, que revelaram a inadequação dessa educação em gerar empatia pelos judeus de hoje.
Ao longo do artigo, o autor critica a romantização inadvertida dos nazistas em produtos culturais, que os retratam como “vilões fortes, homens de ação”, enquanto os judeus aparecem apenas como vítimas passivas. Ele sugere que entender a persistente hostilidade contra os judeus requer uma perspectiva histórica mais profunda e um reconhecimento de padrões repetitivos de perseguição.
Ele argumenta que a contínua repetição de narrativas do Holocausto sem uma verdadeira compreensão dos motivos subjacentes permite que as mesmas ideologias antissemitas ressurjam sob novas formas. Ele alerta que a memória do judaísmo, presente em seus textos antigos, oferece insights valiosos que podem ajudar a compreender e combater o antissemitismo moderno.
Quem é Matti Friedman
Matti Friedman é um jornalista e autor canadense-israelense, conhecido por suas contribuições como colunista para o The New York Times e Tablet Magazine. Nascido em uma família judaica canadense, Friedman cresceu em Toronto e imigrou para Israel aos 17 anos. Ele serviu nas Forças de Defesa de Israel durante o conflito no sul do Líbano, experiência que inspirou seu livro Pumpkinflowers: A Soldier’s Story of a Forgotten War.
Friedman trabalhou como repórter e editor para a Associated Press em Jerusalém, cobrindo também países como Egito, Marrocos, Líbano, Rússia e Estados Unidos. Ele ganhou destaque com ensaios criticando o viés anti-Israel na mídia internacional.
Entre suas obras mais conhecidas estão The Aleppo Codex: A True Story of Obsession, Faith and the Pursuit of an Ancient Bible, vencedor do Prêmio Sami Rohr de Literatura Judaica, e Spies of No Country: Secret Lives at the Birth of Israel, vencedor do Natan Book Award. Seu livro mais recente é Who by Fire: Leonard Cohen in the Sinai, sobre o famoso músico canadense.
Friedman reside em Jerusalém com sua esposa e três filhos.
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