Guerra em hospitais: diferenças entre ações de Israel e Rússia Guerra em hospitais: diferenças entre ações de Israel e Rússia
O Antagonista

Guerra em hospitais: diferenças entre ações de Israel e Rússia; e reações de PT e imprensa

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Felipe Moura Brasil
9 minutos de leitura 08.07.2024 15:51 comentários
Análise

Guerra em hospitais: diferenças entre ações de Israel e Rússia; e reações de PT e imprensa

Em dia de bombardeio russo de hospital infantil na Ucrânia, Lula fala de “matança indiscriminada” de crianças em Gaza

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Felipe Moura Brasil
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Guerra em hospitais: diferenças entre ações de Israel e Rússia; e reações de PT e imprensa
Presidente Lula | Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

Lula, sempre tão veloz em acusar Israel de “genocídio” com base em narrativas e dados do Hamas, embarcou na manhã desta segunda-feira, 8 de julho, para Assunção, no Paraguai, e lá discursou na abertura da Cúpula do Mercosul, sem ter comentado o bombardeio russo do hospital Ohmatdyt, a maior instalação médica infantil da Ucrânia. O ataque já repercutia no mundo desde a madrugada, incluindo notícias sobre mortos e até imagens de crianças feridas.

“Embarcando para a Cúpula do Mercosul”, escreveu às 9h18 a equipe do petista no X, ao publicar foto dele com o vice, Geraldo Alckmin,“que assume a presidência até o meu retorno”.

Mais de três horas antes, às 6h08, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, durante sua visita à Polônia, onde deve assinar um pacto de segurança, publicou uma nota no X, junto com um vídeo gravado no entorno do prédio recém-atingido pelas tropas do ditador Vladmir Putin.

Hospital Infantil Okhmatdyt em Kyiv. Um dos hospitais INFANTIS mais importantes, não só na Ucrânia, mas também na Europa. Okhmatdyt tem salvado e restaurado a saúde de milhares de crianças.

Agora que o hospital foi danificado por um ataque russo, há pessoas sob os escombros e o número exato de vítimas ainda é desconhecido. Neste momento, todos estão ajudando a limpar os escombros – médicos e pessoas comuns.

A Rússia não pode alegar ignorância sobre o destino de seus mísseis e deve ser totalmente responsabilizada por todos os seus crimes. Contra as pessoas, contra as crianças, contra a humanidade em geral. É muito importante que o mundo não fique calado sobre isto agora e que todos vejam o que a Rússia é e o que está fazendo.”

Como foi o ataque russo desta segunda, 8 de julho?

Às 5h, já havia notícia na imprensa brasileira sobre bombardeios no hospital e em outros locais da capital ucraniana. “O balanço provisório é de 5 mortos. Estamos atualizando os dados”, anunciara no Telegram o comandante da administração militar de Kiev, Sergiy Popko. Zelensky afirmara que “mais de 40 mísseis” haviam atingido cidades como Dnipro, Sloviansk, Kramatorsk e Kryvyi Rih. Nesta última, segundo a Prefeitura, os ataques haviam deixado ao menos 10 mortos e mais de 30 feridos. Ao longo da manhã, a contagem de baixas em decorrência dos múltiplos disparos contra o país subiu para a casa das dezenas.

A partir de uma alegação do Ministério da Defesa da Rússia, que atribuiu a explosão no Ohmatdyt “à queda de um míssil de defesa aérea ucraniano” e acusou de “histeria” o país invadido e bombardeado, a máquina de propaganda virtual do Kremlin tentou disseminar a narrativa de que um American Patriot, ou AIM 120, atingiu o hospital; mas o míssil de cruzeiro russo Kh-101, também conhecido como X-101, foi flagrado por câmeras próximas ao alvo durante seu trajeto de ataque, de acordo com imagens divulgadas por veículos locais.

Trata-se de uma das armas mais avançadas de ataque de precisão com alcance estendido, estimado em margem de 4.500 a 5.500 km. Eu, Felipe, apontei em 29 de março e reiterei em 21 de junho o sufoco da Ucrânia diante dela.

“Evidências importantes já foram encontradas no local da tragédia: em particular, fragmentos do corpo da parte traseira do míssil X-101 com número de série e parte do leme do mesmo míssil”, corroborou a Força Aérea ucraniana.

O que Lula disse sobre Israel na Cúpula do Mercosul?

Mesmo assim, em discurso de abertura da Cúpula do Mercosul, em Assunção, Lula voltou novamente suas baterias contra Israel:

“Nos orgulhamos de ser o primeiro país do bloco a ratificar o acordo de livre comércio com a Palestina — mas não posso deixar de lamentar que isso ocorra no contexto em que o povo palestino sofre as consequências de uma guerra totalmente irracional. O apoio do Brasil à África do Sul em sua ação na Corte Internacional de Justiça visa a por fim à matança indiscriminada de mulheres e crianças em Gaza”, acusou o petista, ecoando o Hamas, omitindo o uso de escudos humanos pelo grupo terrorista e ignorando as leis do direito internacional.

As consequências da invasão e dos ataques russos para o povo ucraniano não foram sequer expressadas por Lula, que se limitou a pregar uma “solução” de paz para o “conflito”:

“Precisamos de um mundo de paz. Essa é a razão do nosso engajamento em prol de uma solução para o conflito entre Rússia e Ucrânia que efetivamente envolva as duas partes.”

No discurso, Lula deu mais atenção ao teatro do golpe na Bolívia que às crianças ucranianas. Às 11h36, ele ainda roubou os créditos do Banco Central no combate à inflação, para fingir no X que, nesse caso, o Brasil está “melhorando no rumo certo” por causa do governo.

Até a Organização das Nações Unidas (ONU), porém, viu-se impelida a divulgar no X, às 12h08, uma nota em que sua coordenadora humanitária para a Ucrânia, Denise Brown, “condena veementemente” os “ataques mortais”, inclusive contra crianças.

Só faltou lembrar que essa mesma Rússia se tornou chefe do Conselho de Segurança da ONU em julho.

“A semana na Ucrânia começou com outra onda de ataques mortais das Forças Armadas russas.

Esses ataques atingiram várias cidades da Ucrânia, incluindo a capital, Kiev, bem como Kryvyi Rih e Pokrovsk, quando as pessoas estavam começando seu dia. Dezenas de pessoas foram mortas e feridas.

Um hospital infantil no centro de Kiev foi fortemente danificado, cuja extensão ainda não é conhecida. É inconcebível que crianças sejam mortas e feridas nesta guerra.

De acordo com o direito humanitário internacional, os hospitais têm proteção especial. Os civis devem ser protegidos.”

O duplo padrão petista com Israel e Rússia

O duplo padrão petista sobre as guerras em curso, no caso específico de explosões em hospitais, fica ainda mais escancarado quando se lembra que o PT e Lula exploraram a notícia falsa do ataque israelense ao hospital Al-Ahli, mas agora se calam sobre a notícia, ao que tudo indica, verdadeira do ataque russo ao hospital infantil Ohmatdyt, não utilizado por qualquer grupo terrorista.

Em 17 de outubro de 2023, o PT esperneou contra a Embaixada de Israel em nota, alegando que “pelo menos 500 civis eram assassinados no bombardeio a um grande hospital em Gaza”, o que nunca ocorreu. No dia 18, Lula reforçou a seu modo sorrateiro, no X, a tentativa de assassinar a reputação do Estado judeu:

“O ataque ao Hospital Baptista Al-Ahli é uma tragédia injustificável. Guerras não fazem nenhum sentido. Vidas perdidas para sempre. Hospitais, casas, escolas, construídas com tanto sacrifício destruídas em instantes. Refaço este apelo. Os inocentes não podem pagar pela insanidade da guerra.”

As investigações jornalísticas e militares concluíram, porém, que uma explosão no estacionamento do hospital, cujos prédios permaneceram de pé, havia sido causada por um foguete errante da Jihad Islâmica, disparado de dentro da Faixa de Gaza por terroristas aliados do Hamas. Eu, Felipe, ainda publiquei artigo, com o título: “A ‘retratação’ da imprensa pelo maior vexame na cobertura de Gaza”.

Por que Israel é diferente da Rússia?

O porta-voz das Forças de Defesa de Israel nascido no Brasil, Rafael Rozenszajn, voltou a falar a O Antagonista nesta segunda, 8 de julho, sobre os métodos das FDI no caso dos hospitais explorados por terroristas na guerra real e midiática contra a população judaica:

Praticamente todos os hospitais na Faixa de Gaza são utilizados pelo Hamas como centros de comando. Então o Exército realizou operações em diversos hospitais na Faixa de Gaza. As operações israelenses nos hospitais são operações cirúrgicas. Foi assim no Al-Shifa e em outros hospitais. O Exército entra de uma forma que não cause uma ameaça ou um dano à população civil que está sendo tratada no hospital, nem à equipe médica dos hospitais.

O Exército faz com que a população civil que pode evacuar do hospital evacue antes da operação, e permite que os pacientes que estão recebendo tratamento médico ou continuem recebendo tratamento no hospital, mesmo com o Exército fazendo operação, ou possam ser removidos para outros hospitais.

Então o Exército não fez ataque algum, e nenhum ataque aéreo, que pudesse causar algum dano às pessoas que estavam sendo tratadas nos hospitais. Todas as operações que foram feitas nos hospitais foram operações cirúrgicas, precisas, baseadas em informações de inteligência, e com aviso prévio para a população civil poder evacuar.”

É possível que Lula ainda seja impelido a dizer umas palavrinhas para fingir que criticou Putin, mas nada muda sua postura histórica de agir não por princípios, mas por conveniência política, mesmo que ela sirva para legitimar narrativas de ditadores amigos e grupos terroristas, dispostos a invadir países vizinhos para promover massacres, posando de vítimas.

A indignação de Lula e PT é sempre seletiva: eles só defendem as mulheres e crianças que se encaixam na agenda do partido.

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