Crusoé: O sucesso de Milei
Ao cortar gastos, o presidente da Argentina consegue controlar a inflação. E tudo isso sem perder aprovação popular
O presidente da Argentina, Javier Milei, obteve duas grandes conquistas ao completar meio ano de mandato. A primeira se deu na economia. Ao seguir uma cartilha rigorosa de corte de gastos, oposta àquela mantida pelo governo petista no Brasil, Milei manteve a inflação sob controle — um feito digno de nota em um país com o histórico da Argentina. A segunda conquista foi no Congresso, que aprovou as primeiras reformas do presidente na madrugada desta sexta-feira, 28. Apesar de o pacotão ter se desidratado ao longo de um semestre de negociações, o governo manteve medidas que poderão viabilizar a agenda liberal nos próximos meses. A Casa Rosada poderá, por exemplo, sancionar leis sobre alguns temas, dentre eles a política econômica, sem precisar do Legislativo.
Com medidas duras, mas necessárias, o libertário mudou drasticamente a situação do seu país. A Argentina não vive mais a realidade da virada de 2023 a 2024, quando era preciso reajustar os preços dos supermercados quase toda semana. Cenas comuns de clientes sendo surpreendidos no caixa por terem escolhido produtos com etiquetas de preços defasadas não ocorrem mais tanto. A inflação mensal que foi de 25,5% em dezembro caiu para 4,2% em maio.
Milei tem contido a inflação, porque, pela primeira vez em uma década, o Estado argentino gasta menos do que arrecada, o chamado superávit. Por cinco meses seguidos, entre janeiro e maio, a Casa Rosada registrou superávit fiscal, incluindo os pagamentos de dívidas e juros. Com esse objetivo atingido, o Banco Central não precisa emitir pesos para pagar as contas do governo. Como a multiplicação da moeda é um dos principais componentes da inflação, o problema foi cortado pela raiz.
Cortar gastos públicos com fez Milei, que gostava de posar com uma motosserra, é uma medida drástica, que tem consequências sociais. Os argentinos mais pobres, que dependem de subsídios estatais e do vivem do pagamento de aposentadorias, foram os mais afetados. Em vários momentos, funcionários públicos foram às ruas protestar contra esses cortes. Com os cortes de investimentos públicos e congelamento das aposentadorias, a economia sofreu um baque. O PIB retraiu 5,1% no primeiro trimestre, comparado ao mesmo período em 2023.
Leia mais aqui; assine Crusoé e apoie o jornalismo independente.
Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.
Comentários (0)